segunda-feira, 16 de maio de 2011

AS CHANCES DO TAPAJÓS

* Paulo Leandro Leal

O Estado do Tapajós deveria ter sido criado pela Constituição de 1988, a exemplo do Tocantins. Não o foi por falta, à época, de lideranças políticas que defendessem a sua criação e por manobras de políticos paraenses. Há mais de um século, se almeja a criação de um estado na região, tão distinta e tão longe do centro do poder no Pará, mais próxima e mais semelhante com o Amazonas. Agora, estamos à volta com mais uma oportunidade, desta vez, através da consulta popular.

Apesar do furor que toma conta da elite da região, após a aprovação, pela Câmara Federal, da realização do plebiscito, a verdade é que a criação do Tapajós é um sonho tão distante como sempre fora. A conjuntura atual é muito desfavorável, devido a fatores políticos, econômicos e, especialmente, um conjunto de situações que poderá sepultar, de uma vez por todas, o sonho de transformar o oeste do Pará em um estado independente, capaz de solucionar os seus problemas e atender os anseios da sua população.

Uma pesquisa de opinião hoje revelaria que o “não” venceria facilmente em uma consulta popular que fosse realizada em todo o Pará. Não acredito que a votação será somente nas regiões a serem desmembradas, afinal, a Constituição fala em população diretamente interessada e seria ingenuidade não aceitar que toda a população paraense é diretamente interessada na divisão ou não do seu Estado. Insistir na votação somente nas regiões desmembradas pode levar a uma disputa jurídica de anos e, ao final, chegar ao mesmo ponto de partida.

Portanto, com as energias voltadas para a mobilização em favor do “sim”, cumpre fazer contas. Convencer o máximo possível de pessoas na região metropolitana de que a re-divisão territorial será boa para todos, acredito ser a grande missão que, se cumprida, é capaz de permitir a emancipação política. Uma tarefa muito difícil, hercúlea, devido ao poder maior de mobilização das elites daquela região e, em especial, do poder financeiro que começa a ser mobilizado em favor da “causa” do Pará Grande.

Muito mais difícil ainda porque, na esteira da criação do Tapajós, está a criação do Carajás, esta sim, considerada inadmissível pela população de Belém a arredores. Quem já morou em Belém ou conhece bem a região metropolitana sabe, muito bem, que não existe tanta rejeição à criação do Estado do Tapajós, considerada uma região distante e esquecida. Muitos nem sabem onde fica. Uma região pobre, sem acesso e sem muitas perspectivas de desenvolvimento.

Nenhum comentário: