* Manuel Dutra
As ideias de criação do Estado do Tapajós vão e vêm como em surtos. Há momentos, como o atual, de grande efervescência. Em seguida, a história mostra que houve períodos de grande silêncio para, mais adiante, retornar à ordem do dia.
O texto que segue tenta mostrar esse vaivém. Mas sobretudo procura mostrar a quantos acusam o movimento de abrigar aspirações tão somente oportunistas, que a idéia do Estado do Tapajós acompanha a história de criação da Província e depois Estado do Amazonas e acompanha grande parte da história do Pará e da Amazônia.
Se oportunistas há, e com certeza há, onde não os há? Na Assembléia Legislativa do Pará? No Congresso da República? Melhor que os não houvesse em parte alguma...
Na primeira metade do século XIX, a Comarca do Baixo Amazonas tinha o mesmo status jurídico que as comarcas do Grão-Pará e do Alto Amazonas, quando da reforma do Código do Processo Criminal pela Regência, em 1832. Segundo Ferreira Reis, o juiz de Santarém funcionava como verdadeiro governador do Baixo Amazonas, num momento em que os poderes de um juiz iam além das atividades forenses.
Esse fato histórico está na raiz da longa aspiração por autonomia, com a criação de uma nova unidade entre o que são hoje o Pará e o Amazonas.
Em 1883, em Santarém, surgiu o primeiro movimento organizado com o objetivo de alcançar a autonomia. Foi fundada, naquele ano, uma sociedade literária que tinha em seu estatuto social um item pelo qual se dispunha a propugnar pela “separação do Baixo Amazonas da Província do Pará”, segundo se lê em Paulo Rodrigues dos Santos.
Como se percebe, as motivações do atual movimento emancipacionista são antiquíssimas. Embora as razões históricas não sejam as únicas, elas estão presentes e perpassaram as mentes de numerosas gerações.
* Manuel Dutra, natural de Satarém, é jornalista e professor da Universidade Federal do Pará
Para ler todo o texto de Dutra, acesse http://blogmanueldutra.blogspot.com/2011/05/
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