Josefina Carmo: "Vamos todos a Brasília! Que venha o plebiscito!"
Participei, na semana passada, em Santarém, de mais de um evento relacionado à nossa luta pela criação de um Novo Estado no Oeste do Pará. O evento contou com a presença de prefeitos, vereadores, líderes da sociedade civil da região, entre tantos cidadãos.
Já expressei por diversas ocasiões a compreensão que tenho sobre a importância dessa luta. Primeiro, ela representa um projeto estratégico de desenvolvimento para o Oeste. Depois de séculos de indiferença dos governos estadual e federal, que causaram o subdesenvolvimento à região e aos nossos municípios e o sofrimento e abandono à população, só a emancipação política e criação de um Novo Estado poderão quebrar os grilhões que nos mantém nessa condição socioeconômica de cidadãos de segunda categoria. Os opositores ao Novo Estado argumentam que sua criação vai causar ônus à União e prejuízo ao Pará.
Ora, o Brasil, desde sua condição de colônia, recebeu investimentos iniciais da Corôa Portuguesa para que as Capitanias Hereditárias se instalassem. Séculos de colônialismo depois, os primeiros estados, quando criados pelo governo central, também requereram investimentos. Em todos os casos, os investimentos iniciais foram decisivos para a instalação das novas unidades federativas e para seus primeiros passos como entes independentes. O que pra os nossos opositores é despesa, para nós será investimento.
O desejo de emancipação do Oeste não é de hoje, não resulta de projetos individuais ou de grupos políticos voltados à ambição pessoal - ainda que estes existam em toda sociedade e em qualquer país, e o Pará sabe muito bem disso. O clamor pela emancipação remonta ao século XVIII, e desde lá já se considerava a enormidade do território como uma das dificuldades naturais para se manter e se administrar uma área tão grande.
O Pará em nada vai perder com a separação do Oeste. Belém e sua Região Metropolitana já absorvem 63% dos recursos de investimentos do Estado. O atual Plano Plurianual do Estado do Pará (PPA/2008-2011) expressa muito bem esse quadro de prioridade dado à Capital e arredores e de descaso com as demais regiões. Todo o Oeste do Pará, que corresponde a 58% do atual Pará e que tem população de 1,4 milhão de habitantes, recebe 14% desses recursos. Portanto, o Pará não terá prejuízos para reclamar. Pelo contrário: acumulará ainda mais recursos para investir somente e tão-somente no território que vai lhe restar.
Alegam que a eleição de novos deputados federais, estaduais, senadores, de mais um governador, a nomeação de secretários estaduais e a instalação da máquina governamental igualmente vão consumir despesas incalculáveis. Ora, vivemos sob o Estado Democrático de Direito, e estas instituições públicas e seus agentes políticos são partes integrantes e indispensáveis a um governo democrático e a uma sociedade cidadã.
O futuro Novo Estado terá a maior cobertura vegetal do Brasil, equiparando-se, proporcionalmente, ao Estado do Amazonas. Com tantas áreas de proteção ambiental, o Novo Estado terá nas mãos a oportunidade de pensar, implantar e desenvolver um modelo de desenvolvimento integralmente sustentável. E é exatamete isso que mais almejamos. As riquezas de seu subsolo já descobertas ou a se identificar, a diversidade e fartura de seus recursos hídricos, a pujança de seu povo serão fatores decisivos nesse pocesso.
A natureza nos deu recursos ricos e abundantes, a maioria deles ainda intocável, como a maior jazida de bauxita do Brasil, na divisa dos municípios de Alenquer e Monte Alegre, suas minas de calcário, ouro, pedras preciosas e semi-preciosas, titânio e urânio, entre outros, serão decisivos ao seu processo de desenvolvimento sustentável. Suas imensas florestas tropicais, especialmente aquelas localizadas na margem esquerda do rio Amazonas, têm valor inominável, e todas já contempladas com leis de proteção. Mas apenas as unidades de uso sustentável, especialmente as florestas estaduais, vão permitir exploração racional e sustentável capaz de gerar milhares de emprego ao nosso povo e incontáveis oportunidades de novos negócios e investimentos.
Claro que nem tudo está devidamente esclarecido nesse processo. Corremos risco de erros? Claro que sim! Mas estamos atentos para aprender com a história de outras experiências passadas, para aprendermos com os seus erros e melhorar ainda mais seus acertos.
Há divergências entre nós, mas estas devem ser mantidas em segundo plano, deixadas para o momento adequado. Neste momento, devemos concentrar todos os nossos esforços na articulação política para garantir a aprovação do plebiscito pelo Senado Federal, na próxima semana. Nossa mobilização para a formação de uma grande caravana devem merecer de nós a prioridade máxima.
Vamos a Brasília!
Que venha o plebiscito!
Que venha o Pará d'Oeste!
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