“Tu passasse por mim, tu me percebesse, tu me visse, tu não falasse comigo porque tu não quisesse, tu até virasse a cara” – Expressão típica do paraense da capital que faltou às aulas de conjugação de verbo;
“Maê, me arranja alguma coisa pra mim comê!” – Menina que chega meio atrasada em casa, quase morta de fome, quase desejando ser ela própria devorada;
“Por favor, senhora, me veja aquele livro de que lhe falei pra mim ler” – Estudante com relativa educação que chega à biblioteca da escola para pegar livro, mas que desaprendeu o uso correto dos pronomes;
“Tu visse, tu visse, aquele golão do Papão, ontem?” – Torcedor animado com o resultado positivo do seu time do coração, mas dando um duplo chute no verbo;
“Eu vou construir três escola, cinco creche e 120 casas popular. Isso não é promessa, meus amigo, é compromisso!” – Discurso de político demagogo, mas alertado a tempo pela assessoria: “Prefeito, empregue o plural”. E ele continuou, incontinente: “E também vou empregar o plural, o singular e o filho do cumpadre Manezinho!”;
"Nós faz caixa dois, sim! E daí?" - Petista convencido de que o crime compensa, depois que se convenceu de que nada vai acontecer aos seus líderes que criaram e operaram o Mensalão. Se não se importa em cometer crime contra o erário, por que se importaria e assassinar a "Última flor do Lácio, inculta e bela"?
Cenas imaginárias do nosso cotidiano que representam, óbvio, violações das mais elementares regras do vernáculo, mas que podem constar livremente dos livros didáticos distribuídos aos milhões nas escolas públicas brasileiras.
A liberdade do emprego incorreto desses e outros verbetes e expressões popularescas nos livros didáticos está chancelada pelo MEC. A decisão, polêmica em todos os sentidos, se deu a partir da liberação da obra "Por uma Vida Melhor", da coleção "Viver, Aprender", distribuída pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLD-EJA) a quase 500 mil alunos de mais de 4 mil escolas. O livro contém erros gramaticais como “Nós pega o peixe” e “os menino pega o peixe”, apontados pelos criticos como exemplos de erros. A obra custou mais de R$ 2 milhões.
Reagindo aos rios de críticas à obra e à decisão do MEC, este respondeu que as manifestações contrárias representariam "preconceito linguístico".
Autora da obra, a professora Heloisa Ramos justificou seu conteúdo. “O importante é chamar a atenção para o fato de que a ideia de correto e incorreto no uso da língua deve ser substituída pela ideia de uso da língua adequado e inadequado, dependendo da situação comunicativa”.
A polêmica está criada e fervilhando. Eu discordo do argumento da autora e da decisão do MEC.
Qual sua opinião?
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