terça-feira, 28 de dezembro de 2010

MORREU SCHETTINO, EX-PRESIDENTE DA ALBRAS

Um clima de consternação envolveu, no final da tarde de ontem, o quadro de empregados da Albrás, no município de Barcarena, depois que chegou à fábrica a notícia do falecimento do seu ex-presidente, Maurício Schettino. Vítima de infarto, ele morreu aos 70 anos, completados no último dia 6 de setembro, na cidade de Belo Horizonte, para onde se transferira há pouco mais de dez anos.


Natural de Minas Gerais, Maurício Schettino, como alto executivo da então estatal Companhia Vale do Rio Doce, viveu a maior parte de sua vida profissional no Pará, Estado que adotou como sua segunda terra e pelo qual desenvolveu uma afeição profunda. Ele chegou à Albrás no fim de 1983, como superintendente geral de operações, coincidindo com a fase inicial de produção da fábrica de alumínio. Schettino era o presidente da Albrás quando se consumou, em 1997, o processo de privatização da Vale. Logo em seguida, já aposentado, ele se transferiria para Belo Horizonte, onde fixaria residência em definitivo.

Fonte: http://www.diariodopara.com.br/

PS: Conheci Maurício Schettino, em meados dos anos 80, quando eu prestava assessoria de imprensa ao Sindicato dos Metalúrgicos do Pará (Simetal). No lado de cá da mesa, Sulivan Santa Brígida e Odileno Meireles comandavam a bancada dos trabalhadores, com assessoria jurídica de Jarbas Vasconcelos, hoje presidente da OAB/PA, e a de imprensa, comigo. No outro lado da mesa, Sérgio Gribel comandava a representação da empresa.

Schettino não sentava à mesa, não participava diretamente das negociações, mas a acompanhava. Comparecia mais nos intervalos, na hora das refeições, quando o clima de tensão entre as partes estava mais relaxado. Era atencioso nas conversas com as partes, inclusive com os líderes do Simetal, e nunca foi de orientar sua bancada à intransigência. A pré-disposição ao diálogo, ao entendimento, estava garantida na determinação das partes de não irem a dissídio, de não recorrerem à Justiça do Trabalho, de investirem e apostarem tudo na negociação, até à exaustão. Quando esta travava, recorriam ao árbitro privado contratado pelas partes, e o hoje juiz togado da Justiça do Trabalho José Maria Quadros de Alencar - e blogueiro dos bons com o http://www.blogdoalencar.blogspot.com/ - cumpriu esse papel de forma competente e responsável sempre que foi chamado.

Sulivan, hoje presidente da Federação dos Metalúrgicos e Metálicos da Região Norte (Fitimn), mas sem mais estar presente nas negociações entre as partes, reconhece o papel importante que teve Maurício Schettino no sucesso daquelas negociações memoráves, históricas, entre a Albras e o Simetal, mesmo ausente na mesa de discussão, e sempre vantajosas aos trabalhadores.

Ele deixou - assim como Gribel, Odileno e Sulivan - um legado que, infelizmente, não foi cultivado de forma inteligente pelas partes, nas etapas posteriores.

Os trabalhadores, os dirigentes da empresa e os sindicalistas, os de ontem e os de hoje, têm motivos de sobra para lamentar a morte de Schettino.

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