Na coluna do jornalista Augusto Nunes, hoje, no portal Veja, com o título acima:
O ex-presidente Lula aproveitou a entrevista ao jornal ABCD Maior, editado pelos metalúrgicos do rebanho, para fingir que acabou mesmo com a fome e a pobreza que, erradicadas no Brasil Maravilha do cartório, teimam em exibir-se o tempo todo em milhares de esquinas do país real. “Dilma vai lançar o programa de combate à miséria absoluta, onde fará um pente fino para descobrir quais são os pobres que ainda não foram atendidos”, gabou-se.
Tradução: segundo Lula, o IBGE terá de mobilizar uma imensidão de pesquisadores para descobrir os 12 ou 13 miseráveis que, por insondáveis razões, recusam a carteirinha de brasileiro da nova classe média. Deveria ter combinado com os fatos, acaba de descobrir o recordista nacional de bazófias e bravatas. Nesta tarde, uma representante dos milhões de pobres do Brasil real apresentou-se pessoalmente ao Planalto para desmentir aos berros a fantasia do palanqueiro.
Depois de driblar a segurança do Palácio do Planalto, a brasileira Eliane dos Santos Silva chegou ao segundo andar e só foi detida quando subia a rampa que dá acesso ao gabinete de Dilma Rousseff. Impedida de falar com a primeira mulher a assumir a Presidência, revelou aos berros o motivo da viagem ao coração do poder: quer a casa própria que Lula e Dilma prometeram à população de baixa renda.
“Todo mundo tem direito à habitação”, protestou Eliane, com uma criança no colo e chorando. “Eu sou mãe de três filhos. Direito para pobre, não tem. Para rico, sempre arranja uma brechinha. Todo mundo aqui pensa que pobre é burro”. Não pareceu mais otimista ao ter a reivindicação anotada por um assessor. À saída, Eliane tinha outra má notícia para o gerente da fábrica de promessas: Eliane sobrevive em São Bernardo do Campo. A uma viagem de ônibus do ex-presidente que já não consegue enxergar gente pobre.
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/
PS: A fotografia de Eliane Santos Silva invadindo o Palácio do Planalto está no site acima.
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