quarta-feira, 20 de abril de 2011

AHE BELO MONTE: RESPOSTA PARA UM IMENSO DESAFIO

José Antônio Muniz Lopes*

Não existe geração de energia elétrica sem impacto ambiental. Esse é um axioma conhecido de qualquer pessoa que se dedique, mesmo por pouco tempo, ao estudo das opções à disposição da Humanidade nesta área. Nem mesmo a eletricidade proveniente do sol ou dos ventos podem ser consideradas realmente isentas de impactos - a primeira exige enorme quantidade de terra para uma produção pequena de energia, enquanto a segunda não reduz, por exemplo, a emissão de CO² de maneira significativa, por não poder prescindir de outros tipos de geração - inclusive a gás ou a óleo - para compensar a pouca confiabilidade dos ventos.

Dono de vasto potencial hidrelétrico ainda inexplorado, o Brasil tem em suas usinas hidrelétricas uma opção sustentável. A sua construção, porém, também envolve impactos que vêm sendo estudados com atenção por profissionais das mais diversas especialidades ao longo dos anos. Esses especialistas, que se contam aos milhares, desenvolveram as tecnologias necessárias para que nossas hidrelétricas se consolidem como fator de desenvolvimento para as regiões em que estão inseridas, mantendo controle sobre seus impactos ambientais.

A hidrelétrica de Belo Monte é fruto de todos esses anos de esforços nem sempre reconhecidos. Esse empreendimento apresenta capacidade instalada de 11.233 MW e apenas 516km² de área alagada, dos quais 200 km² já são inundados durante as cheias anuais do Rio Xingu. Números que mostram a evolução pela qual passou o projeto ao longo de 30 anos de estudos. No início, a previsão era que a área inundada fosse de nada menos de 1.225 km², atingindo terras indígenas, o que não ocorre no projeto que ora se desenvolve.

Tão grande evolução só foi possível graças aos debates dos mais diversos atores envolvidos levados a cabo durante três décadas. Num belo exercício de democracia participativa, foram promovidas 12 consultas públicas, 10 oficinas com a comunidade, quatro audiências públicas e 15 fóruns técnicos, além de dezenas de reuniões com prefeitos, vereadores e líderes empresariais e comunitários da região do Xingu. No mesmo período, foram ouvidas diretamente 5.328 famílias e realizadas 10 palestras em escolas de ensino fundamental e médio, para cerca de 530 alunos.

* José Antônio Muniz Lopes é diretor de transmissão da Eletrobrás

Fonte: www.ecoamazonia.com.br

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