segunda-feira, 29 de agosto de 2011

SOU PARAENSE DA GEMA E QUERO O TAPAJÓS - PARTE II

Sou paraense e me orgulho disso, mas esse sentimento não é tão marcante na vida de muitos habitantes do Oeste do Pará. Àqueles mais ao extremo, já mais próximos ao Estado do Amazonas, ele é quase inexistente. Relações e muitos dos seus interesses se dão mais com a cidade de Manaus do que com a “Cidade das Mangueiras”. Para eles, Belém é uma abstração inalcançável, e os serviços públicos do Governo do Pará citados na propaganda oficial, peças de ficção.

Sou paraense e me orgulho disso, mas como esperar o mesmo sentimento de milhares de cidadãos – a maioria “cidadãos de papel” – que sofrem sem estradas nos municípios do Oeste do Pará? Como ignorar o fato de que, até maio do ano passado, toda a enorme região Sudoeste do Pará (formada pelos municípios de Rurópolis, Aveiro, Itaituba, Trairão, Novo Progresso e Jacareacanga), com quase 200 mil km² de extensão, não possuía sequer um metro de rodovia estadual? Como exigir igual sentimento dos moradores da região da Calha Norte (formada pelos municípios de Almeirim, Prainha, Monte Alegre, Alenquer, Curuá, Óbidos, Oriximiná, Faro e Terra Santa), com 290km² de extensão, se foram largados à própria sorte pelos sucessivos governos estaduais, que não cumpriram suas promessas e as rodovias de lá continuam sem um único quilômetro de asfalto?

Como cobrar o orgulho de paraense, por exemplo, das centenas de alunos do Ensino Fundamental da comunidade de Murumuru, da zona rural de Monte Alegre, que se vêem obrigados a ceder suas salas de aula para estudantes do Ensino Médio, pois lá não há escola estadual e essa é uma das tantas exigências da Seduc para oferecer vagas aos alunos locais e das redondezas, uma obrigação exclusiva do Estado? E imaginar que esse drama se repete em todos os municípios do Oeste...

Como esperar satisfação daqueles paraenses que se vêem obrigados a viajar para a cidade de Manaus, passando privações e outros transtornos, toda vez que precisam de tratamento de saúde de média e alta complexidades inexistentes no Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém? Tolo quem pensa que os municípios do Oeste têm prazer em montar casas de apoio em Belém para receber centenas de pacientes locais para atendimento nos postos de saúde, hospitais e pronto-socorros públicos da Capital. Esse é um serviço que custa caro aos municípios – o dobro ou triplo dos recursos repassados pelo programa Tratamento Fora do Domicílio (TFD), do Ministério da Saúde – e só mesmo a ausência desses serviços na própria região justifica tantos transtornos.

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