quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

PAULO WEYL COMENTOU NO FACEBOOK

No Facebook, o advogado e amigo meu desde o início dos anos 80 do século passado (o que não quer dizer que sejamos velhos), trocando umas idéias não exatamente semelhantes sobre o PT, Lula, imprensa e outros elementos da conjuntura, fez o seginte comentário:
 
"Piteira,

o conheci como um egresso de movimentos religiosos. Nessa tradição, é preciso restaurar a generosidade.
Nãovejo nenhuma conspiração na grande mídia, amigo. Já escrevi a esse respeito. Da grande mídia, apenas sustento que ela não é n...em nunca foi, nem nunca será, imparcial. Sustento que ela tem interesses e que tem direito constitucionalmente assegurado para sustentar seus interesses políticos e econômicos.

Mas, como tem tais direitos, amigos, não considero ético escondê-los, em especial sob o manto da 'liberdade de informação'. Costumo ler a grande mídia e, francamente, não vejo essa liberdade de ser informado assegurada ao cidadão.
Mas eu respeito e compreendo o senso comum.

Piteira, quanto ao mensalão, ele sempre existiu, claro. Nós sabemos muito bem que ele sempre existiu. Tu sabes que sim, eu também. Nossa experiência na vida pública nos permite avivar a memória acerca dos métodos de convencimento aplicados até mesmo para as simples eleições de Câmaras Municipais. Sabemos muito bem que a distribuição de secretarias dá-se menos pela importância social da pasta e muito mais pela capacidade de captação de recursos desses órgãos.

Nossa vivência de cidadania observa a ocorrêncioa do mensalão em verdadeiros negócios, como o ocorrido na CERPASA, quando após a redução da dívida se tem o benefício do financiamento de campanha eleitoral,isso só para te dar um exemplo. Então, mensaláo há, e desde há muito tempo. E continua a existir.

Piteira, eu continuo, sim, eleitor do PT. Tenho dito que o PT foi a grande novidade política do Brasil no Século XX. Poderíamos ter tidos outras. Penso que a extinção do PRC foi um equívoco. Poderíamos ter rumado para um processo de criação de um Partido Legal. Tinhamos quadros, não assim considerados pela posição de dirigentes,mas pela qualidade de suas formações. Isso nos permitiria uma intervenção estratégica na política e uma crítica qualificada ( e não raivosa, nem pautada pela 'mídia' ou pela direita) aos equívocos do PT no governo.

Mas essa possibilidade não ocorreu. COmo todos os percalços, amigo, o PT foi capaz de trazer novas políticas públicas, e colocar a pauta da inclusão ao lado do crescimento econômico. Coisas que os partidos conservadores estão patinando para incorporar em suas práticas (não em seus discursos ou em seus programas). Mas, enquanto patinarem, não vislumbrarão disputar a direção polítca da nação com o PT.

Creio, todavia, que a grande direção da intervenção cidadã não deve ser o PT, deve ser o fortalecimento das ações livres da sociedade. Todavia, a crítica ao PT a partir da incapacidade dos partidos conservadores tente ao vazio e ao frustrado desejo de descontrução da liderança dnacional e internacional do Presidente Lula.

Um grande abraço amigo!

Paulo Sérgio Weyl"


Comenário do Piteira:

Prezado Paulo Weyl:

É verdade, fui egresso dos movimentos religiosos (fui seminarista e estudante de Teologia, por 4 anos, no IPAR), mas quando nos conhecemos eu já estava no PT, e olha que fui um dos primeiros a me filiar ao partido, ainda ...em 1980, eu e uma galera de seminaristas. E te garanto que a generosidade continua a habitar este coração de quase 52 anos.

Weyl, como jornalista que sou, jamais poderia ter visão romântica sobre o papel e a atuação da grande imprensa aqui, nos EUA, na Europa, em Cuba, na Coréia do Norte, na Venezuela ou no Irã. Aqui ou lá, ela sempre fará o papel que lhe é mais conveniente, e, como empresas, vão dar prioridade à máxima do sistema, que é o lucro. Ou, nos países de regimes ditatoriais, defender o interesse político do partido único, ou do partido governista e do próprio governo. A massa desvalida que se dane, já que não podemos falar de cidadãos

Mas te adianto que não curto mais aquela visão maniqueista de mundo, aquela da guerra eterna entre o bem e o mal, entre Remo e Paysandu, entre Capitalismo e Comunismo, céu e inferno, deus e diabo, o mundo dividido entre duas partes, duas forças, e só - e olha que nós, lá naqueles mesmos anos 80, andamos defendendo coisas absurdas do tipo. Afinal, "há muito mais coisas entre o céu e a terra do que imagina nossa vã filosofia", já dizia Shakespeare desde o século XVI, e não o ouvíamos. Mas foi preciso a modernidade chegar, o muro de Berlim ser destruído, a URSS se desintegrar, a China Popular tornar-se capitalista, os regimes de Cuba e da Coréia do Norte entrarem em falência múltipla dos órgãos e o tal bolivarianismo provar sua obtusidade e inviabilidade para que muitos conseguissem curar-se, finalmente, ainda que parcialmente, da miopia e astigmatismo que tornavam turva essa visão de mundo.

Há tempos que vejo outros times além de Remo e Paysandu, alternativas entre céu e inferno, entre deus e diabo. Por exemplo, "Liberdade de imprensa", uma bandeira que levantamos e bradamos naqueles anos de chumbo foi justamente apropriada pela grande imprensa para defender seus interesses corporativos. "Liberdade de informação" é o nosso clamor atual de cidadania, no esforço de incorporar novas conquistas àquelas que alcançamos com as lutas políticas do pós-Ditadura, inclusive aquelas contidas na Constituição de 1988.

Hoje, quando discutimos sustentabilidade - que anda meio caolha, porque está-se dando prioridade apenas àquela ambiental - e cidadania, estamos, creio eu, buscando alternativas políticas viáveis à revolução armada e sangrenta que defendíamos, inclusive o falecido PRC (e concordo contigo que este deveria ter adotado o caminho da legalização, e defendi isso lá na Fortaleza Vermelha, a célula jurunense, sem sucesso). O Capitalismo continua injusto e a produzir miséria entre os povos e as nações, a gerar pobreza extrema e riquezas fantásticas, privilégios e exclusões, a negar cidadania a milhões, e por isso continua injusto e insustentável. Mas as propostas de comunismo e socialismo que defendíamos nos anos 70 e 80 do século passado se comprovaram anacrônicas, obtusas e inviáveis - portanto, insustentáveis.

A criação do PT representou, nos anos 80, a melhor alternativa político-programática para aqueles que buscavam as mudanças estruturais na economia e na política, apesar que alguns grupos internos ainda professarem fé na revolução armada. Nós embarcamos nessa, inclusive eu, inicialmente motivado pela crença de que a própria Igreja Católica, com sua "opção preferencial pelos pobres", poderia dar uma contribuição nesse processo. Ledo engano, apesar dos esforços isolados e pouco consequentes de alguns grupos. Aí entrei de cabeça e fé no PT, sem ter a clarevidencia - impossível, afinal - de que seria mais uma frustração futura.

Mas, com a tomada do poder político - e isso começou em Fortaleza, com Maria Luiza Fontenelle -, o PT se mostrou incapaz de transformar seu programa partidário em ações de governo. E a frustração foi se tornando progressiva, cumulativa, o que só se agravou com outras experiências de governos municipais e estaduais, e chegou ao cúmulo com o Governo Lula. A corrupção e o desvio de dinheiro público, objeto de denúncias cumulativas do partido desde sua criação, acabou adotada por todas as instâncias do governo Lula e de outros governos que tiveram o comando do PT, inclusive aqui no Pará, esse desastre absurdo. Em resumo, os governos petistas replicaram, em graus enormemente mais graves, aquilo que mais condenavam nos adversários, nos governos tidos como neoliberais.

Weyl, não nego os avanços sociais do Governo Lula (e houve muitos), mas os maus exemplos no trato com o erário (e nisso está incluso o mensalão do Delúbio-Dirceu-Lula-Valério, o do PSDB, entre outros) e manipulação dos movimentos sociais - outro erro dos mais graves e absurdos- representam prejuízos enormes à sociedade, à Democracia, à República.

Uma pena! Lamento muito, realmente!

Mas vou ficar por aqui, pois tá ficando grande demais este texto. Tô pronto pra continuar essa conversa outra hora.
 
José Maria Piteira

2 comentários:

Anônimo disse...

José Maria Piteira:
Naão morro de amores pelo PTG, apesar de acompanhar de perto sua trajetória desdeo final dos anos 70, ainda na fase embrionária junto aos sindicatos, principalmente no ABC paulista. Nesses 30 anos, pouco comentarios e analises coerentes, sem o ranço egocentrico e ufológico da quase totalidade dos "companheiros", eu encontrei publicado em blogs ou noticiario, de modo que felicito sua visão critica, que se analisada racionalmente, poderia contibuir muto para mudança de paradigmas que se az necessário, tanto entre os petistas quanto nos demais partidos politicos brasileiros.
Contribuindo e complementando sua analise, a primeira experiencia e oportunidade que o PT teve, na maior metropole brasileira aconteceu em 1986, e posteriormente com Marta Suplicy, que em suas gestões não foram capazes de por em pratica as bandeiras que sempre foram defendidas pelos companheiros.
Hoje podemos comemorar que o povo do Brasil esta pouco a pouco amadurecendo politicamente, oque me leva a crer que nas duas ou tres próximas eleições o eleitorado brasileiro irá começar a depurar os bons representantes e governantes...
Experiencias como a que passamos recentemente são necessárias para queisso aconteça...
Afinal, todo nosso Estado, nosso país, são comandados por humanos, faliveis, que no primeiro momento em que tiveram contato com a mesa farta, se embebedaram...
Mas é certo que a ressaca passa e depois, se houver cabeças racionais no comando, tudo se conserta...

Anônimo disse...

FALA SÉRIO!

DESCONSTRUÇÃO DA LIDERANÇA NACIONAL E INTERNACIONAL DO EX-PRESIDENTE LULA ...

ELE, ELE MESMO, SE ENCARREGOU DISSO COM OS ESCÂNDALOS DE SEU GOVERNO. NA BARBA DELE E SOB AS BARBAS DELE.

PARTIDO POLÍTICO É ISSO... É PODER.
E TUDO ISSO É UM JOGO DE PODER E DE INTERESSES NEM SEMPRE CONFESSÁVEIIS. JOGO DE CARTAS MARCADAS. JOGO DE PALAVRAS. JOGO DE CENAS.

O PT, COMO OUTROS PARTIFOS, APRENDEU RÁPIDO, RAPINHO O GOSTO E O JOGO DO PODER. E DISSO SE APROVEITOU, COM O PRESENTE LULA NO COMANDO, POR OITO ANOS.

E OLHE QUE ELE QUERIA MAIS, E MAIS, À MODA HUGO CHAVEZ.

ALIÁS, SERÁ COINCIDÊNCIA QUE ELE TENHA DEFENDIDO UM MANDADO MAIOR PARA CHAVEZ? ALGO QUE CRIA O BSOLUTISMO PÓS-MODERNO, SE SE PODE ASSIM DIZER.

ENTÃO, VAMOS CORTAR ESSA DE "DESCONSTRUÇÃO DA LIDERANÇA" DO EX-PRESIDENTE.

O CIDADÃOQUE QUE TEM UM MÍNIMO DE CONSCIÊNCIA CRÍTICA SABE MUITO BEM DISCERNIR ENTRE O "A" (MAIÚSCULO) E O "a" (minúsculo) NA POLÍTICA PARTIDÁRIA E SOBRE OS SEUS POLÍTICOS.

PITEIRA, SUA ANÁLISE ESTÁ CORRETA, PENSO EU, CÁ DE MEU ANONIMATO.

E OLHE QUE EU, UM ANÔNIMO (é verdade), TAMBÉM CONTRIBUI MODESTAMENTE NAS DUAS PRIMEIRAS ELEIÇÕES COM AS CAIXINHAS POPULARES PARA AJUDAR A ELEGER AQUELE QUE SE APRESENTAVA O OPERÁRIO DO POVO. MEA CULPA.