Publiquei comentário no blog sobre a postagem "O movimento comunitário morreu?", em resposta aos comentários de Nal Pedroso e Gerson Dumont, que segue abaixo:
Tudo indica que a chegada do PT ao Poder foi nocivo aos movimentos sociais. Os militantes que participavam desses movimentos tiveram dificuldades em combinar as duas coisas, não tiveram a habilidade, ou o discernimento político, para separar as duas coiasas, mas respeitando a autonomia dos movimentos. E nisso sairam perdendo os movimentos sociais, suas entidades e seus dirigentes.
Seus dirigentes foram "profissionalizados" (geralmente com polpudos salários, para poderem contribuir financeiramente com o partido ou a tendência) e passaram a priorizar a nova "profissão", a de militantes remunerados; as entidades perderam estes dirigentes e passaram a ser aparelhadas para servir aos interesses do governo, ou do partido, ou da tendência, ou de seus candidatos (por exemplo, quem leu o Diário Oficial do Estado do Pará do dia 2 de julho do ano passado pode ter boa ideia disso); manipuladas políticamente, essas entidades e seus membros ainda passaram por um processo de "domesticação", de forma a não contestar ou questionar a ineficiência e incompetência dos governos, ou mesmo os erros destes.
Poucos souberam respeitar a independência política dos movimenos, alguns até lutaram bravamente contra a utilização política das entididades sociais. Assim, poucos também conseguiram ser militantes e dirigentes sociais, apesar disso ser um exercíio político geralmente conflitante.
Estou afastado há muito tempo de Santarém para afirmar que isso aí foi fato corrente. Mas, aqui em Belém, onde já estou há 30 anos e acompanhei os governos municipal e estadual do PT, os exemlos abundam.
Ou não entenderam o que diziam suas cartilhas ideológicas - inclusive os ensinamentos de Gramsci, fartamento citado para explicar como seriam as relações entre o Estado democrático (com a chegada deles ao Poder, claro, e somente nesta condição), a sociedade e suas entdiades representativas - ou se tratou de deliberado malcaratismo.
Resultado: praticamente não existe, em Belém, qualquer movimento ou entidade social suficientemente representativa e de expressão política que possamos identificar como expressão dos anseios populares por melhoria na qualidade de vida. Sem estas, sobressai a Ordem dos Advogados do Brasil - OAB/PA, uma instituição corporativa, mas que assumiu a luta pelos direitos de cidadania da população. E está com a bola toda, principalmente depois que o advogado Jarbas Vasconcelos assumiu sua direção.
Antes, existia a CBB, a Fecampa, a Umes, Ubes, Movimentos em defesa do transporte público, da saúde, da educação, existia a SPDDH, Cedenpa, MMCC, CUT, Fetagri, além de dezenas de sindicatos e associações que, articulados ou isolados, movimentavam a luta política pela cidadania em Belém.
Hoje, nada disso mais existe, ou se tornaram virtuais, de tão inexpressivas. Mas a perda do poder político pode fazê-las ressuscitar.
Será?
José Maria Piteira
Nenhum comentário:
Postar um comentário