segunda-feira, 12 de setembro de 2011

BLIKSTEIN: "COMO CONSTRUIREMOS UMA GERAÇÃO DE INOVADORES?"

Quando era estudante de engenharia na Universidade de São Paulo (USP), Paulo Blikstein visitou escolas públicas de regiões pobres da capital paulista para oferecer oficinas de rebótica aos alunos. Uma constatação intrigou o jovem universitário: mesmo os bons estudantes tinham dificuldades para absorver conhecimentos básicos de ciências. Hoje, cerca de vinte anos depois, Blikstein, de 38 anos, agora professor da Universidade de Stanford, na Califórnia, tem uma explicação: "A escola precisa tornar a ciência atraente. É possível obrigar uma criança a estudar matemática ou física, mas essa obrigação não desperta paixões. Os grandes cientistas se apaixonaram pela ciência e foram fundo no assunto. Precisamos despertar essa paixão." 

Não é à toa que Blikstein quer encorajar paixões. Ele é um dos estudiosos que apontam a relação direta entre inovação, fruto do domínio das ciências, e desenvolvimento. De olho no problema, ele se dedica nos Estados Unidos a criar e implantar a disciplina de inovação, que quer estimular, desde cedo, estudantes a pensar de forma criativa, inventar e, portanto, gerar riqueza. "Se continuarmos formando crianças e jovens que odeiam as ciências exatas, como construiremos uma geração de inovadores?", indaga o pesquisador. 

"Nosso país ainda detém um dos menores índices de patentes per capita do mundo. Isso é preocupante. Somos grandes exportadores de commodities, como soja e ferro. Mas esse é um cenário em que podemos ser ultrapassados a qualquer momento por outro país e ainda ficamos expostos a flutuações internacionais. Por isso, se não investirmos em conhecimento científico e inovação, não teremos um crescimento sustentável nas próximas décadas", disse ele em entrevista à evista Veja.

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