sexta-feira, 15 de outubro de 2010

VERGONHA!

Dezenove agricultores assassinados e mais de 60 feridos pela Polícia Militar do Pará: o massacre do Carajás ganhou repercussão internacional e causou indignação geral.

   
 Hoje, acusado (Almir Gbriel, então governdor do Estado) e acusadores esquecem o assassinato coletivo e se abraçam por interesses eleitorais inversos: o PT quer um novo e imerecido mandato a Ana Júlia, enquanto Almir quer simplesmente derrotar Jatene. Os dois momentos merecem o mesmo título garrafal: VERGONHA, desta vez com as bênçãos de Lula e Dilma. Que o povo do Pará e do Brasil lhes dê a resposta adequada!

No dia 17 de abril de 1996, na "curva do S", no município de Eldorado do Carajás, 19 trabalhadores sem terra foram assassinados por policiais militares do Pará. Mas de mais de 60 ficaram feridos. Eles obstruíam a rodovia PA-150, em protesto contra a demora na desapropriação de uma fazenda na região. O então governador do Estado, Almir Gabriel (PSDB), deu ordem à Polícia Militar para a liberação da estrada. O resultado foi a tragédia que o mundo todo conheceu.

Almir Gabriel conseguiu se safar da acusação de mandante do massacre, mas acabou responsabilizado politicamente por este. Todos os então partidos de esquerda, especialmente o PT, e várias entidades da sociedade civil, além das igrejas, apontaram seus dedos acusatórios em sua direção. Vário documentos circularam acusando Almir Gabriel de "assassino", "carniceiro", "mandante". O então governador foi execrado em público, politicamete pisado, chutado, escarrado, triturado, especialmente pelo PT.

Na campanha eleitoral para o governo do Estado, em 1998, as cenas do massacre de Carajás inundaram o horário eleitoral do PT, sem sucesso. Mas o massacre de Eldorado do Carajás serviu de gasolina para radicalizar ainda mais as disputas entre o PT, os movimentos sociais e o governo Almir Gabriel. De adversários, transformaram-se em inimigos, a divergência deu lugar ao ódio. 

Mas eis que agora o PT, Ana Júlia, Dilma, Lula e Almir Gabriel esquecem todo esse passado e se aliam na disputa deste 2º turno das eleições estaduais. Esquecem o ódio cultivado há mais de dez anos e passam a ser aliados, tudo para garantir um segundo mandato imerecido a Ana Júlia, para que Almir tenha o prazer mesquinho e leviano de derrotar Jatene, hoje seu desafeto.

Em cerimônia festiva, hoje, o PT passou uma borracha sobre toda essa história, sobre as acusações graves feitas contra Almir e o recebe em tapete vermelho, ciceroneado por Lula e Dilma, no Hangar, em Belém, com uma Ana Júlia sorridente de orelha a orelha como nunca na história deste Estado.

Quanta vergonha! Quanto nojo! Quanto asco essas cenas provocam nos cidadãos dignos deste Pará. Os 19 assassinados na curva no S estão se contorcendo de indignação em seus túmulos. Suas famílias e os sobreviventes do massacre têm motivo de sobra para apontar seus dedos e acusar o PT e seus militantes de hipócritas, dissimulados, pois seus prantos sobre aqueles corpos trespassados por balas foram falsos, seus cantos e gritos, encenação oportunista.

O PT, coveiro da ética, dá mais um péssimo exemplo que só aumenta a mancha impura e fétida que emporcalha uma história iniciada por pessoas dignas, honestas e idealistas, mas maculada pela aética, pelo oportunismo, pela desonestidade na aplicação do erário e na gestão da coisa pública.

Felizmente, deixei esse partido a tempo de não me contaminar por práticas tão imundas e criminosamente perversas com o interesse público.

Que o povo do Pará e do Brasil consiga evitar mais desastres, e que a arma usada seja a força massacrante e democrática do voto.

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