quarta-feira, 18 de novembro de 2009

PT - PMDB: RELAÇÕES ARANHADAS, SEPARAÇÃO LITIGIOSA?

A entrevista do deputado estadual Parcifal Pontes (PMDB), hoje, à Rádio Clube, na qual derrama uma novena de queixas contra o governo Ana Júlia, parece apontar para aquilo que algums pessoas e mais o povo que acompanha o Círio de Nazaré já sabem: a conturbada relação entre PT e PMDB caminha para um desfecho litigioso. E, na entrevista, ele falou com autoridade.

Primeiro, Parcifal não é contínuo na sede do partido: ele é o líder do PMDB na Assembléia Legislativa do Pará (Alepa). E, nessa condição, já vinha comunicando ao líder do governo na Alepa, deputado Airton Faleiro (PT), as insatisfações da bancada e do partido com o tratamento de ingratidão que vem tolerando do governo do Estado - e não de agora, mas desde o início de 2007.

Ele não deu a entrevista para se queixar do tratamento recebido pela esposa, Ann Pontes, à frente da Paratur, que entregou o cargo justamente porque aquele órgão foi esvaziado financeiramente pelo governo. O caso dela era apenas um dos exemplos do tratamento desigual que o PMDB vem recebendo do governo e do PT.

Dia desses, em meio à sessão da Alepa, Parcifal teria dito quase que liretalmente o seguinte a Airton Faleiro: "Para podermos começar a conversar sobre aliança eleitoral, basta que o governo quite toda a dívida que tem conosco". E Airton sabia bem qual é essa dívida, a começar pelos compromissos pré-segundo turno, em outubro de 2006, que levaram o PMDB a apoiar Ana Júlia, e sem o qual a candidata do PT não teria chegado à vitória.

E o agravamento da crise entre o PMDB e o governo se dá justamente no momento em que é cada vez mais forte a pressão das bases do partido e das bancadas federal e estadual sobre Jader Barbalho. Elas querem Jader candidato ao governo do Estado. Querem e pronto! E isso ficou bem demonstrado durante as convenções municipais ndo partido, no dia 25 de outubro passado. Em Belém, o presidente local, o ex-deputado federal José Priante, afimou isso de forma cristalina. Astuto, Jader não foi à convenção - mandou avisar que estava doente -, talvez para evitar um anúncio que julgou não ser o momento oportuno para fazê-lo.

Jader também já descartou a hipótese de candidatar-se ao Senado, ou de voltar à Câmara Federal. O que ele quer, mesmo, é voltar ao governo do Estado, e tem pesquisas na mão confirmando que tem a preferência ampla, enorme, esmagadora dos eleitores do Pará - inclusive de Belém, tida como tradicional foco de resistência ao seu nome, mas onde apareceu, nas eleições de 2006, como o deputado federal mais votado.

A crise também se agrava justamente agora que o governo do Estado está pedindo autorização para contrair mais um empréstimo, agora no valor de mais R$ 366 milhões. É muito dinheiro, e o governo não diz onde e como vai aplicar tanta grana. Pelas contas de Parcifal, mais de R$ 1,5 bilhão em empréstimo já foi autorizado pela Alepa ao governo Ana Júlia. Hoje, na entrevista à Rádio Clube, ele afirmou que o governo ainda não aplicou nem a metade do recurso já emprestado anteriormente com autorização da Alepa.

O governo Ana Júlia estaria guardando esse dinheiro para jorrá-lo tipo enxurrada montanha abaixo justamente no próximo ano, às vésperas das eleições e na campanha? E estaria querendo mais R$ 366 milhões também para isso? É o que suspeitam Parcifal e o povo que acompanha o Círio da Nazinha.

Se Jader vem candidato em 2010 com chapa própria, como pressionam as bases e dirigentes intermediários do partido, é claro que a relação de tapas e arranhões - e nada de beijos - entre os dois partidos e o governo caminha para o fim. E de forma litigiosa, do tipo que nem advogado resolve. Nesse caso, nada de mais autorizações para novos empréstimos.

Há quem aposte que essa novela ainda se espicha até o final de março. Mas há aqueles que garantem exatamente o contrário: já estaríamos vivendo os capítulos finais.

Em ambos os casos, boas doses de maracujina não fazem mal a ninguém, e logo cedinho, antes de ir ao trabalho.

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