segunda-feira, 23 de novembro de 2009

PEDRO PAULO COMENTOU

Comentanto sobre a posse do primeiro reitor da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), notícia essa publicada aqui no blog, na semana passada, o advogado e delegado de Polícia Civil Pedro Paulo Sousa, enviou o seguinte texto:

Há 33 anos passados, quando migrei pra Capital, em Santarém não havia nenhuma Instituição de Ensino Superior.

A Vera Paz ainda era uma praia. Lá se jogava bola e era lugar de piracaia ao luar, seguido dos primeiros pilequinhos. Hoje ela se encontra cativa de uma empresa privada, salvo engano, uma multinacional. Alguém pode confirmar?

Não havia TV na cidade. Mas em muitas casas já tinha um televisor na sala esperando o sinal tantas vezes anunciado.

Em casa tinha uma, vinda de Manaus. Uma vez ou outra ela era ligada, pra esquentar, dizia meu velho pai. Quando isso acontecia era só chiado e chuvisco.

Muito raramente entravam umas imagens, que mais pareciam fantasmas. Rápidas surgiam, rápidas sumiam. Eram captadas de uma emissora da terra de Hugo Chaves, chamada "Radio Caracas y Televison", pelo menos assim nós entendíamos.

O bom de tudo isso é que se alguém conseguia ver dez segundos de um show de auditório, por exemplo, quando o fato era comunicado aos que não puderam ver, a imaginação voava, e o relato durava pelo menos dez minutos.

Em compensação, nessa época, ouvia-se muito rádio. Emissoras potentes, situadas em várias partes do mundo, irradiavam suas ondas sonoras até a terra de Nurandaluguaburabara.

Lembro de algumas: Voz da América (EUA), que transmitia em Inglês, Espanhol e Português. Rádio Habana, claro, de Cuba; a Central, de Moscou, e a BBC, de Londres. Havia uma da Alemanha, cujo nome não sei escrever, mas que aportuguesando pronunciávamos algo como "Doitivele". E a brasileira Rádio Nacional. Salvo engano, havia também uma da China. É o que minha memória de 52 anos consegue lembrar.

No Mapiri a pesca de bomba era a coisa mais natural do mundo. Quase todo dia era possível comprar jaraqui com a barriga estourada. Era vendido ali nas mangueiras existenes onde hoje se encontra o Mercadão 2000.

Não lembro de ouvir as pessoas reclamando da carne amarga pelo fel. Hoje essa modalidade de pesca, felizmente, é crime.

A travessia para a praia da Salvação era feita com a água gelada do Mapiri na altura do peito . Mas isso já é outro assunto.


Pois bem, muita coisa mudou na cidade nessas últimas três décadas. A notícia da criação da Universidade Federal do Oeste do Pará representa mais uma dessas mudanças. O curioso é que essa IES foi criada na gestão de ex-operário.

Vida longa à UFOPA!

seupedro2@yahoo.com.br

21 de Novembro de 2009 14:27

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