Sobre a postagem "O crime compensa: auxílio-reclusão de R$ 798,30", publicado ontem, o grande amigo e companheiro Guilherme Marssena, petista histórico, enviou o seguinte comentário:
Guilherme Marssena disse...
"Acho, meu camarada, que vossa senhoria deveria fazer campanha para a pena de morte".
10 de fevereiro de 2010 13:43
Comentário do Blog do Piteira:
Prezado amigo Guilherme:
Conheces grande parte da minha vida, até porque militamos durante quase 20anos no Partido dos Trabalhadores (pelo menos numa época em que não havia dúvida quanto a essa identificação política), onde continuas, apesar das contradições e incoerências que presencias e que violentam tuas convicções.
Sabes que sou um amante da vida, das liberdades de pensamento e expressão (a epígrafe com a frase de Voltaire no cabeçalho não é por acaso). Não poderia ser jornalista se assim não pensasse.
Mesmo sendo petista, ainda que não com os arroubos e certezas de antes, hás de convir que há umas coisas no governo Lula que fogem da racionalidade, da coerência.
O princípio doutrinário do referido benefício (auxílio-reclusão) é polêmico, mesmo. Há quem opine que ele seja uma espécie de “premiação” oferecido ao preso, que sua concessão constituiria um incentivo à prática de crimes e à proliferação da violência.Isso se dá porque, de um lado, a lei penal sanciona o delinqüente, de outro, a lei previdenciária procura garantir as necessidades dos familiares desamparados em virtude da prisão.Assim, essa corrente doutrinária é contrária à própria existência do benefício, afirmando ser o mesmo um estímulo a novas iniciativas delituosas dentro da sociedade.
Em contrapartida, há aqueles que preconizam a impossibilidade de deixar no desamparo a família do recluso/detido. Daí a necessidade de pagamento de um benefício que lhes garanta o mínimo indispensável a uma vida digna, o que, aliás, é um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito.
Guilherme, esta é a essência da discussão, sem que se esqueça da família vitimada pela ação criminosa daquele que foi preso. Acredito que também seja do fundamento do Estado Democrático de Direito a proteção da viúva e dos filhos órfãos, ou ainda da mãe e pai se a vítima também exercesse a função de arrimo de família.
Portanto, caro amigo Guigui, nada de pena de morte ou coisa do tipo. Precisamos, sim, estar dispostos e abertos ao debate de certos assuntos aos quais o governo, políticos e líderes da sociedade fecham os olhos. Ou de benefícios sociais questionáveis, como o auxílio-reclusão, mesmo que ele tenha sido criado pelo governo petista. Ou queres me convencer de que o governo dos companheiros compartilha com o papa o privilégio divino e dogmático da infalibilidade?
Viva a Vida!
Viva a Democracia!
Viva a Liberdade!
Fora o bufão Hugo Chaves!
10 de fevereiro de 2010 17:06
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