quinta-feira, 12 de abril de 2012

ALEPA: AUDIÊNCIA PÚBLICA VAI DEBATER LINHÃO DA CALHA NORTE


A construção do linhão está adiantada, mas o projeto prevê rebaixamento da tensão da energia apenas em dois municípios: Almeirim e Oriximiná. Nos demais, o linhão vai apenas passar sobre a cabeça das pessoas

A Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) vai realizar audiência pública, no dia 19 de abril, na cidade de Monte Alegre, no oeste do Pará, para debater a necessidade de construção de subestações ao longo da linha de transmissão de energia elétrica que está sendo construída na margem direita do rio Amazonas, garantindo o rebaixamento imediato da tensão elétrica do linhão para atender às demandas dos municípios paraenses daquela região.

O encontro foi convocado pelo presidente da Alepa, deputado Manoel Pioneiro (PSDB), atendendo proposta da deputada Josefina Carmo (PMDB), que teve requerimento aprovado pelo parlamento paraense.

O projeto inicial da Eletrobras/Eletronorte, orçado em mais de R$ 3 bilhões, previa a inauguração da obra em agosto do ano passado, o que não aconteceu. O linhão levaria energia da Hidrelétrica de Tucuruí aos estados do Amapá e Amazonas e também aos municípios paraenses localizados na margem esquerda do rio Amazonas, na região oeste, totalizando 1.800 quilômetros de extensão. 

Com o atraso, uma nova previsão: somente em 2017 a obra estaria plenamente concluída, inclusive com o rebaixamento da tensão elétrica do linhão, adaptando-a para todos os consumos: residencial, comercial e industrial.

Na primeira semana de fevereiro deste ano, outro anúncio oficial: o presidente da estatal Empresa de Pesquisas Energética, Maurício Tolmasquim, garantiu que toda a região Norte estará interligada ao sistema nacional de energia hidrelétrica a partir de maio de 2013, inclusive a margem esquerda do rio Amazonas.

Mas este último anúncio contém uma meia verdade: o projeto oficial do linhão prevê a construção de apenas duas subestações de rebaixamento da tensão na região da Calha Norte: na ilha Jurupari, município de Almeirim – de 500kv (quilovolts) para 230kv – e na cidade de Oriximiná – de 500kv para 138kv. E só! Entre Jurupari e Oriximiná, o linhão apenas vai passar sobre os municípios de Prainha, Monte Alegre, Alenquer, Curuá e Óbidos, com tensão de 500kv, sem rebaixamento e sem atender às demandas dos consumidores locais. Também não há previsão para essa energia chegar aos municípios de Terra Santa e Faro, no extremo oeste paraense.

Ao defender sua proposta de audiência pública, Josefina justificou: “Se esse prazo de construção das subestações de rebaixamento não for encurtado, o beneficiamento da produção primária dos setores agrícola, pecuário, extrativo e florestal estará prejudicado, com prejuízo incalculável à economia regional”. Em outras palavras, sem a energia elétrica de Tucuruí, o esperado desenvolvimento regional estará mais uma vez adiado. E criticou: “Até agora, a inércia tem sido a característica principal de nossos representantes paraenses. Precisamos reagir, e logo! A Assembleia Legislativa do Pará precisa agir de imediato e buscar os canais de negociação junto ao Governo Federal e seus órgãos diretamente envolvidos na execução do projeto. Prefeitos, vereadores, líderes municipais da sociedade civil dos municípios da região aguardam uma iniciativa deste Poder”.

Josefina Carmo, autora da proposta: "Até agora, a inércia tem sido a característica principal de nossos representantes paraenses. Precisamos reagir, e logo!"

Em outubro do ano passado, os deputados aprovaram o requerimento de Josefina Carmo. Na semana passada, o presidente da Alepa assinou a convocação da audiência pública.

A audiência pública vai acontecer na sede do São Francisco Esporte Clube, no centro da cidade de Monte Alegre, no horário de 8h às 12h.

Um comentário:

Odair Corrêa disse...

Comentário.

Tudo bem, que seja rebaixado em apenas dois pólos, como estão propondo os construtores dos linhões. Mas gostaria de saber sobre os custos de implantação dos dois sistemas de rebaixamento e também se o procedimento operacional deve ser apenas este, e também se a demanda dos municípios é imperiosa, para que se execute tal rebaixamento em cada um deles, ou se apenas será necessário ser realizada a transmissão "menor", através de outras redes de expansão. Claro que concomitante com a construção da travessia ora em andamento.
Outro ponto importante a ser verificado, é a segurança para a tal travessia do linhão, sobre o Rio Amazonas. Diferente da torre que caiu sobre a ilha localizada em frente a Itaituba no rio Tapajós, o Amazonas, que todos nós caboclos da região sabemos de suas facetas e terras caídas, que constrói e desconstrói ilhas, permitirá sua implantação na travessia? Ou vamos fazer o procedimento via subterrrânea? ou vamos ter de bater com os burros n'água? É bom que o pessoal da hidráulica não durma no ponto.Fica o alerta, mesmo com toda a tecnologia que já temos.