sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

EM PRAINHA, PIRACUÍ DE ACARI DEVERÁ ENTRAR NA MERENDA ESCOLAR

Pesquisadores da Ufopa, secretários municipais e comunitários acompanham a produção artesanal do piracuí de acari, em Prainha, no Oeste do Pará. O produto deverá ser incluído na merenda escolar

A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) realiza estudo inédito sobre o piracuí de acari, farinha de peixe produzida artesanalmente por comunidades ribeirinhas localizadas às margens do rio Amazonas, principalmente em municípios do Baixo-Amazonas, no Oeste do Pará. A pesquisa da Ufopa acontece junto à comunidade de Menino Deus, no rio Anema, tributário do Amazonas em sua margem direita, no município de Prainha.

O município é o maior produtor de piracuí do Pará, que fornece o produto para os mercados regionais, como Santarém, Belém e Macapá. O piracuí é utilizado na culinária regional, com uso na preparação de diversos pratos, do famoso bolinho a caldos e panquecas, ou na famosa farofa de piracuí. A prefeitura local se prepara para incluí-lo na merenda escolar da rede municipal de ensino. 

O bolinho de piracuí é apenas um dos muitos
usos que se faz com o piracuí
O acari é um espécie de peixe exclusiva de água doce do tipo siluriforme, da família Loricariidae, também conhecido como acari-bodó, bodó, cari e uacari. O nome da família do acari vem da palavra "Lorica", que se refere a um tipo antigo de armadura, em referência às escamas que formam sua carapaça flexível. No Baixo Amazonas, ele ocorre em lagos, igarapés e áreas inundáveis localizados às margens do rio Amazonas.

Na terça-feira passada (15/001), uma equipe de pesquisadores da Ufopa visitou a comunidade Menino Deus, onde acompanhou o processo de produção do piracuí de acari e realizou levantamentos sobre a importância do produto para a segurança alimentar e para a economia da população ribeirinha e do município de Prainha. A visita foi coordenada pela agrônoma Daniele Vagner, doutora em Desenvolvimento Rural Sustentável, da Pró-Reitoria da Cultura, Comunidade e Extensão da Ufopa. O objetivo da pesquisa é definir a Regulamentação do piracuí de acari como produto fabricado de forma artesanal para consumo humano.

Segundo a coordenação da pesquisa, “os relatórios técnicos com a especificação do produto emitidos pela Ufopa serão enviados ao Ministério da Agricultura, em Brasília, que publicará decreto regulamentando o piracuí de acari como produto produzido de forma artesanal apropriado para consumo humano. Isso permitirá, entre outras vantagens às famílias produtoras, a inclusão do piracuí de acari na merenda escolar.

“Estamos constituindo uma parceria histórica com a Ufopa, um evento da maior importância para o nosso município”, afirmou o prefeito local Davi Xavier, que acompanhou a visita dos pesquisadores da universidade. “É a universidade, que é pública, cumprindo sua missão de ensino, pesquisa e extensão, e a gestão municipal somando conhecimentos, saberes e experiências fundamentais para o desenvolvimento social e econômico deste município”, completou.

A primeira visita à comunidade Menino Deus se deu no dia 17 de novembro do ano passado, mas por uma equipe técnica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Os técnicos do Mapa colheram amostras para a realização de exames químicos e nutricionais sobre o produto, que confirmaram seus valores nutricionais, com destaque à proteína, cálcio, magnésio e fósforo. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) também tem estudos sobre o produto.

Segundo Dinaldo Pedroso, secretário Geral do Município, com os estudos técnicos da Ufopa finalizados, o produto deverá ser adquirido pela Prefeitura Municipal para inclusão na merenda escolar ainda neste ano.

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