Kumi Naidoo, novo chefão munial do Greepeace. (Foto: Greenpeace)
Como seria de se esperar, a visita ao Brasil do recém-empossado chefão mundial do Greenpeace, o sul-africano Kumi Naidoo, ganhou generosas manchetes nos principais jornais do país. A mensagem geral é que Kumi veio ao Brasil cobrar dos três principais pré-candidatos à Presidência da República um plano para que o país cumpra o que assumiu na conferência do clima em Copenhague, uma atitude no mínimo petulante.
Kumi é “ambientalista-novo”. Sua militância anterior na África do Sul deu-se no movimento de direitos civis até 1987, quando auto-exilou-se na Inglaterra onde foi devidamente doutrinado ao doutorar-se em ciência política na Universidade de Oxford. Retornou ao seu país logo após a ascensão de Nelson Mandela e só se aproximou do Greenpeace em 2008, quando a ONG abriu escritório na África do Sul. Sua escolha à direção máxima da ONG realça a guinada do Greenpeace “rumo ao Sul”, ou na “direção de ouvir mais vozes ao Sul”, como disse Kumi, onde o Brasil é um dos países prioritários, ao lado da China e Índia. Não chega a ser uma grande novidade, trata-se de uma mudança pragmática revelando que o processo de erosão da credibilidade do Greenpeace nos países desenvolvidos se acelerou nos últimos anos. [1]
A mudança estratégica na postura do Greenpeace que nos interessa mais de perto foi captada pela jornalista Daniela Chiaretti, do Valor: que a escolha do sociólogo sul-africano como seu novo diretor-executivo indica que o Greenpeace pretende mostrar que não é apenas uma organização ambientalista, mas busca maior contato com comunidades locais e movimentos sociais. Ou seja, que o Greenpeace vai mergulhar de cabeça no “socioambientalismo”, que viceja no Brasil como em nenhum outro país do “Sul”. [2]
Mais: que o Greenpeace pretende também tirar das sombras o seu departamento “Corporate”. Nas palavras da jornalista, “O Greenpeace tem seus próprios desafios para estes tempos: ser mais profissional sem perder o espírito aventureiro dos ativistas; aproximar-se do alvo de muito de seus confrontos, os grupos econômicos, sem criar relações promíscuas; e dialogar com os governos, mas sem comprometer a sua independência”.
Em realidade, foi o próprio Kumi quem exemplificou como a face exposta do seu departamento “Corporate” passará a atuar:
"Se o Greenpeace fizer uma parceria com a Coca Cola para cortar emissões, apoiaremos a empresa neste ponto. Isto não significa que apoiaremos tudo o que a Coca Cola fizer, nem que a empresa nos apoiará se decidirmos escalar o prédio das Nações Unidas...Não temos que concordar em tudo. Mas perceber que temos pontos em comum, assim como percebemos nossas diferenças."
É importante que lideranças e dirigentes nacionais não se deixem iludir com essa aproximação mais "palatável" e insidiosa do Greenpeace que mantém sua velha e conhecida agenda do ambientalismo geopolítico.
Notas:
[1]Greenpeace Internacional se abre para o Sul, Folha de São Paulo, 09/03/2010
[2]Por menos confronto e mais parceria, empresas e ONG tateiam diálogo, Valor, 09/03/2010
Fonte: www.alerta.inf.br
Como seria de se esperar, a visita ao Brasil do recém-empossado chefão mundial do Greenpeace, o sul-africano Kumi Naidoo, ganhou generosas manchetes nos principais jornais do país. A mensagem geral é que Kumi veio ao Brasil cobrar dos três principais pré-candidatos à Presidência da República um plano para que o país cumpra o que assumiu na conferência do clima em Copenhague, uma atitude no mínimo petulante.
Kumi é “ambientalista-novo”. Sua militância anterior na África do Sul deu-se no movimento de direitos civis até 1987, quando auto-exilou-se na Inglaterra onde foi devidamente doutrinado ao doutorar-se em ciência política na Universidade de Oxford. Retornou ao seu país logo após a ascensão de Nelson Mandela e só se aproximou do Greenpeace em 2008, quando a ONG abriu escritório na África do Sul. Sua escolha à direção máxima da ONG realça a guinada do Greenpeace “rumo ao Sul”, ou na “direção de ouvir mais vozes ao Sul”, como disse Kumi, onde o Brasil é um dos países prioritários, ao lado da China e Índia. Não chega a ser uma grande novidade, trata-se de uma mudança pragmática revelando que o processo de erosão da credibilidade do Greenpeace nos países desenvolvidos se acelerou nos últimos anos. [1]
A mudança estratégica na postura do Greenpeace que nos interessa mais de perto foi captada pela jornalista Daniela Chiaretti, do Valor: que a escolha do sociólogo sul-africano como seu novo diretor-executivo indica que o Greenpeace pretende mostrar que não é apenas uma organização ambientalista, mas busca maior contato com comunidades locais e movimentos sociais. Ou seja, que o Greenpeace vai mergulhar de cabeça no “socioambientalismo”, que viceja no Brasil como em nenhum outro país do “Sul”. [2]
Mais: que o Greenpeace pretende também tirar das sombras o seu departamento “Corporate”. Nas palavras da jornalista, “O Greenpeace tem seus próprios desafios para estes tempos: ser mais profissional sem perder o espírito aventureiro dos ativistas; aproximar-se do alvo de muito de seus confrontos, os grupos econômicos, sem criar relações promíscuas; e dialogar com os governos, mas sem comprometer a sua independência”.
Em realidade, foi o próprio Kumi quem exemplificou como a face exposta do seu departamento “Corporate” passará a atuar:
"Se o Greenpeace fizer uma parceria com a Coca Cola para cortar emissões, apoiaremos a empresa neste ponto. Isto não significa que apoiaremos tudo o que a Coca Cola fizer, nem que a empresa nos apoiará se decidirmos escalar o prédio das Nações Unidas...Não temos que concordar em tudo. Mas perceber que temos pontos em comum, assim como percebemos nossas diferenças."
É importante que lideranças e dirigentes nacionais não se deixem iludir com essa aproximação mais "palatável" e insidiosa do Greenpeace que mantém sua velha e conhecida agenda do ambientalismo geopolítico.
Notas:
[1]Greenpeace Internacional se abre para o Sul, Folha de São Paulo, 09/03/2010
[2]Por menos confronto e mais parceria, empresas e ONG tateiam diálogo, Valor, 09/03/2010
Fonte: www.alerta.inf.br
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