Os deputados estaduais confirmaram a instalação da Comissão da Verdade. Representantes de entidades paraenses vão acompanhar os trabalhos
A Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) será instalada na manhã do dia 11 de março, durante sessão especial do parlamento estadual.
A decisão foi tomada, na manhã hoje, durante reunião de representantes de entidades da sociedade civil paraense com o presidente da Alepa, deputado Márcio Miranda. Participaram, ainda, do encontro os deputados Carlos Bordalo (PT), Alfredo Costa (PT), Zé Francisco (PMN) e Edmilson Rodrigues (PSol), todos favoráveis à iniciativa.
Como representantes da sociedade civil estavam Paulo Fonteles Filho e Manu Pardauil (Comitê Paraense pela Verdade), José Maria Piteira e Franssinete Florenzano (Sindicato dos Jornalistas no Pará), Jorge Lucas Neves e Antonio Carlos Ribeiro da Silva (União Nacional dos Estudantes), além de Silvia Regina Sales (Desarquivando BR).
Durante o encontro, os deputados paraenses receberam o documento "Carta em Defesa da Imediata Instalação da Comissão da Verdade do Pará", elaborada pelas entidades. O documento apoia a iniciativa da Alepa, que aprovou a criação da Comissão da Verdade, no final de outubro passado, uma proposta do deputado Carlos Bordalo, e exigia sua imediata instalação e funcionamento.
Segundo o presidente da Alepa, a comissão já seria instalada na próxima semana, faltando apenas a indicação dos seus membros pelas bancadas partidárias. Mas, acatando a sugestão das entidades, Marcio Miranda confirmou a instalação para o dia 11 de março.
Ficou acordado, ainda, que o Cerimonial da Alepa e representantes das entidades vão se reunir para discutir a melhor forma para a realização do evento. As entidades de direitos humanos pretendem homenagear entidades e militantes que resistiram ao golpe militar, alguns deles já mortos.
Hesitação nem dúvida - “Não houve, em nenhum momento nesta Casa Legislativa, hesitação ou dúvida para instalar a Comissão da Verdade neste parlamento. Pelo contrário, aprovamos, publicamos o ato e iríamos instalar em dezembro, no entanto, foi modificado devido o recesso parlamentar e a pedido de várias lideranças partidárias”, explicou o deputado Márcio Miranda aos representantes das entidades.
Para Paulo Fonteles Filho, a confirmação do ato de instalação da comissão representa uma conquista da sociedade paraense e do parlamento estadual na busca da verdade. "Além das perseguições realizadas contra a juventude, os trabalhadores, democratas e patriotas paraenses, o Pará foi palco, no início da década de 1970, do maior forma de resistência ao regime dos generais: a Guerrilha do Araguaia, página ainda desconhecida para o povo paraense e brasileiro. Nós queremos a verdade sobre todos esses fatos, para os quais, até agora, só existe a versão oficial, ou nem isso!", afirmou. Paulo Fonteles é filho do ex-deputado Paulo Fonteles, assassinado no dia 11 de junho de 1987.
Um dos últimos - O Pará é um dos poucos estados brasileiros que ainda não criaram sua Comissão da Verdade. A iniciativa dos deputados paraenses cobre essa falha gritante do governo estadual, que se comprometeu com a criação da comissão, mas nada fez.
As comissões estaduais da Verdade fazem parte do esforço nacional para apurar a violação de direitos humanos ao longo do período da Ditadura Militar, além de identificar as estruturas da repressão política, seus comandantes e a colaboração de setores da sociedade civil com as arbitrariedades dos governos militares e seus agentes.
A Comissão será constituída por sete deputados indicados pelas bancadas partidárias e vai atuar em consonância e colaborando com a Comissão Nacional da Verdade, do governo federal, criada pela Lei nº. 12.528, de 18 de novembro de 2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário