sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

É BOM LER NERUDA!

Hoje é sexta-feira, um excelente dia para ler Pablo Neruda.
É um dia que, para muitos, é o fim de uma semana de trabalho: muito trabalho para uns, pouco para outros.

É dia em que muitos - homens e mulheres - bebericam e comem na companhia de amigos, namorados, amantes. Outros, menos extravagantes, preferem o aconchego do lar: uma boa leitura, um excelente filme, uma programação mais cult.

Sexta-feira é um bom dia para ler Neruda. Uns preferem lê-lo todo dia, como que para reoxigenar suas vidas, suas paixões e amores, suas crenças no homem e, muitos, na(s) divindade(s).

Neruda morreu aos 69 anos de idade, vítima de câncer na próstata. Ele, militante comunista, foi senador, embaixador e cônsul chileno ... e poeta universal.

Gosto de ler Neruda - não todo dia, claro, mas pelo menos uma vez por semana. É bom e gostoso ler Neruda.

Reparto com vocês esse prazer. Seguem abaixo dois de seus maravilhosos poemas.

Bom final de semana para todos!



ESTEJAMOS VIVOS, ENTÃO!

Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê, quem não ouve música,
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajeto,
quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is
"a um turbilhão de emoções indomáveis,
justamente as que resgatam brilho nos olhos,
sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da
má sorte ou dachuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior do que o simples ato de respirar.
Estejamos vivos, então!


O AMOR SEGUNDO PABLO NERUDA

Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Um comentário:

Natasha Lazzaretti disse...

Graaande Neruda! Inspiração para uma sexta feira boêmia. Até!