quarta-feira, 21 de junho de 2017

DEZ ANOS DEPOIS, BOSQUE DIONÍSIO BENTES VOLTA AO DEBATE

 

Quase onze anos depois, o Bosque volta ao debate popular. A mudança na proposta do Plano Diretor comprova que a Câmara Municipal errou ao se recusar a fazer as mudanças apontadas pela população. E a PMMA errou ao ignorar a lei

A péssima qualidade da Internet, desde ontem, impediu-me de acompanhar as exposições e o debate que acontece na Câmara Municipal de Monte Alegre, no Oeste do Pará, hoje, sobre o uso do espaço público denominado Bosque Dionísio Bentes, no centro da cidade pinta-cuia.

O Bosque foi pensado, inicialmente, como um terminal rodoviário, nos anos 1980, mas, com o tempo, virou um "mercado persa", tamanha a variedade de mercadorias que lá é comercializado, inclusive sexo e drogas.

Em 2006, há quase onze anos, o Bosque foi objeto de intensos e acalorados debates, no processo de elaboração do Plano Diretor Municipal (PDM) de Monte Alegre. Os problemas registrados hoje já existiam naquele ano, mas em menor proporção. Mas já eram graves.

A ocupação e destinação daquele espaço era o eixo central daquele debate. Na conferência final do processo de elaboração do PDM, em setembro daquele ano, os mais de 400 delegados presentes aprovaram a proposta de construção de um novo terminal rodoviário de Monte Alegre, na saída da cidade. O Bosque ficaria para atividades comerciais diversas, como uma central de abastecimento de hortifrutigranjeiros, de comidas, lanches, bebidas, etc, mas tudo com base em um reordenamento daquele espaço de acordo com o tipo de produto comercializado: frutas, hortaliças, grãos, pescado, refeições (lanches, restaurantes, bares), retirando daquele espaço outras atividades inadequadas ou não essenciais. A via pública seria liberada aos consumidores, retirando-se as bancas do meio das ruas.

No Bosque, carga e descarga de produtos até poderia ter um horário específico, diferente do que é hoje, para não atrapalhar o trânsito. Hoje, os ônibus dos horários interditam totalmente aquela via central do Bosque. O mesmo fazem as bancas de vendas de peixe, frutas, verduras, etc. O consumidor é o ser menos importante naquele complexo.

O PDM sugeriu a construção de um novo terminal de
passageiros, na saída da cidade, mas a Câmara
Municipal mudou o texto da lei. Hoje, reina o caos
O novo terminal rodoviário teria sua finalidade precípua: carga e descarga de passageiros e produtos. As vias públicas próximas ao Bosque são estreitas, impróprias ao tráfego de ônibus, caminhões de carga.

Mas apesar de todo o debate intenso sobre o Bosque, essa proposta foi rejeitada pelos vereadores da época. Eles modificaram o texto original e aprovaram este:

"Seção I
Da Agropecuária

Art. 14 As políticas de desenvolvimento da agropecuária serão orientadas pelas seguintes diretrizes:
...........................
"X – Reconstrução e ampliação do complexo de terminais de cargas e passageiros no Bosque Dionísio Bentes, com a reordenação da ocupação e uso do local;"
Igrorado por sucessivas administrações, o Casarão e
seus usuários foram largados à própria sorte. Hoje,
ameaça desabar sobre seus frequentadores. Nele,
vende-se de tudo, inclusive sexo e drogas

Isso foi em 2006. Já se passaram quase onze anos, e a lei continua ignorada!

Na minha opinião, este não é o melhor texto e, quase onze anos depois, a realidade do Bosque comprova que a Câmara Municipal errou ao alterar o texto proposto pelo povo de Monte Alegre, aprovado em uma conferência municipal. Quase onze anos depois, confirmo que o texto aprovado pela conferência municipal do PMD era o melhor. Se aprovado e posto em pratica pela PMMA, teria evitado o caos que hoje se verifica na área do Bosque.

Mas, é o texto que vale, é o texto da lei 4.664/2006, ignorada solenemente por todos os prefeitos que passaram pelo Município, de Jorge Braga a Jardel, hoje. E também pelos vereadores desse período, que nada fizeram para impedir que o Executivo descumprisse a segunda lei mais importante do Município.


Para início de conversa, começo com isto, para contribuir com o debate sobre o tema.

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