A bolsa de apostas está lançada: a união entre PMDB e PT se mantém até a eleição do próximo ano, ou esse é um casamento ameaçado pelo divórcio? Lula faz sua parte para tentar salvar a candidatura de Dilma Roussef, na esperança de elegê-la como sua sucessora. Ele precisa do PMDB, mas a coisa não está fácil!
O clima de beligerância entre PT e PMDB, acentuado com a crise política no Senado, fez com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passasse a agir pessoalmente para evitar que esse ambiente de guerra tome conta dos palanques regionais em 2010. Isso prejudicaria muito a candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
A prioridade de Lula é tentar solucionar os impasses. Ele tem mostrado, por exemplo, irritação com o PT em estados como o Pará, onde a governadora Ana Júlia (PT) rompeu com o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA).
O federal Jader já decidiu que não vai à reeleição: ou é candidato ao Senado ou ao governo do Estado. Mas, como conciliar essa decisão com os interesses do PT? Ou são exatamente os interesses do PT e de Lula que lhe facilitam esse jogo de cartas?
Ana Júlia é candidata natural à reeleição, e essa é a afirmação ainda predominante dentro do partido, mas o desgaste vivido pelo seu governo faz a tendência Democracia Socialista (DS) a pensar alternativas. E uma delas é a possibilidade de Ana Júlia ser candidata ao Senado, renunciando ao governo do Estado a partir de abril do próximo ano.
Inicialmente reservadas, as conversas sobre esse assunto agora ocorrem com mais frequência, mesmo com a presença de não petistas. Essa tese seria o prenúncio de que o PT abririra mão de indicar a cabeça na chapa dos dois partidos ao governo do Estado?
Sabe-se que Lula, como afirmado acima, vai fazer de tudo para eleger Dilma Roussef, e não vai pensar duas vezes em rifar candidatos do PT nos estados - e já trabalha, aliás, com esse intento. Na semana passada, a imprensa nacional divulgou a informação de que a opinião de Lula é que o PT lance candidatos aos governos apenas nos estados onde o partido já detém o governo, justamente para facilitar as alianças com o PMDB. E nos estados onde os governos petistas estão em baixa com a opinião pública, como é o caso do Pará?
Mas, mesmo com essa possibilidadede tentar o Senado, a situação de Ana Júlia não melhora muito, pois o nome mais forte dentro do PT para a vaga é o do deputado federal Paulo Rocha. Aliás, as conversas entre Paulo Rocha e Jader Barbalho são de domínio público. Inicialmente, elas começaram com o objetivo de ambos construírem uma dobradinha ao Senado, já que serão duas as vagas abertas na eleição do próximo ano. Mas podem estar tomando outro rumo diante do desgaste amazônico da governadora Ana Júlia.
Lula precisa do PMDB, desesperadamente. Paulo Rocha é o queridinho de Lula no Pará - e isso também é de domínio público. Jatene tem conversas nem tanto secretas com o presidente do PMDB no Pará...
Como essas pedras serão mexidas no tabuleiro da sucessão estadual, inexoravelmente ligada e condicionada à sucessão de Lula?
Façam suas apostas!
2 comentários:
Caro Piteira,
Em todas essas elucubrações, assim como de outros blogs, não vejo menções sobre o DEM. Como ficará o DEM numa provável coligação PMDB-PSDB? Sabemos que DEM/PSBD vem de uma parceria longa, sendo São Paulo o principal palco dessa dupla; será que DEM ficará a ver navios ou se sujeitará, mais ou vez, como mero figurante, só que agora, um figurante espectador?
O único partido que se pode dar ao luxo de escolher A ou B, é o PMDB!
Norton Sussuarana
Resposta do Blog:
Norton,
não vejo cenário mais otimista ao DEM que não o de ilustre coadjuvante nas eleições estaduais do próximo ano, a não ser que a cogitada aliança PMDB/PSDB seja inviabilizada. Neste caso, não restará ao DEM outra alternativa que não a de indicar o vice na chapa majoritária com o PSDB.
Não concretizada a aliança PMDB/PSDB, isso significará a ida de Jatene para o partido de Jader Barbalho para ser o candidato a governador, em provável aliança com o PT ou sem este.
No caso de aliança com o PT (que indicaria o vice na chapa), a chance de vitória do DEM e seus aliados parece mínima. No caso de PT e PMDB lançarem chapas próprias ou com outros aliados, as chances do DEM seriam igualmente mínimas, mas se valorizaria enormemente no caso de um segundo turno disputado entre PT e PMDB. O apoio do DEM poderia ser decisivo, a um preço igualmente valioso, claro.
Isso, Norton, dada a situação de hoje, o que, em política - sabes disso - é enormemente sujeito a mudanças repentinas.
Como disseste, meras elocubrações. Ainda há muito tempo para as coisas acontecerem. Vamos acompanhar as mexidas das pedras do tabuleiro.
Mas, repito, não esqueçamos que as articulações e decisões finais de PT e PMDB vão depender da vontade e das vaidades de Lula, que, ainda ontem, forçou o PT de São Paulo a discutir com Ciro Gomes a formação de uma frente anti tucana naquele estado, encabeçada pelo deputado cearense.
Isso era imaginável há alguns meses? Nunca!
Agora imagine a importância eleitoral do Pará diante de São Paulo.
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