sexta-feira, 13 de novembro de 2009

LEMBRANÇAS QUE UMA FOTO TRAZ

"Tiagão", por onde passaram vários "enganadores do dom Tiago".


O grande amigo Pedro Paulo Sousa, advogado e delegado de polícia, companheiro de muitos ideais, enviou-me a foto acima.

Trata-se do prédio do que foi o "Tiagão", centro de formação dos seminaristas de Santarém e região, nos idos dos anos 70 e 80, que cursavam o "Científico", hoje o segundo grau. Não sei que ele ainda existe como tal - na foto, uma placa indica que lá funciona o Centro Diocesano Pastoral. (Algum leitor poderia atualizar a informação)

Entrei no Tiagão em janeiro de 1976. Pedro Paulo tinha estado lá no ano anterior (é isso, PP?), e já morava em Belém, onde fazia Teologia.

Nossa turma rompeu com a visão "elitista" - ingênua, na verdade - de estudar no Colégio Dom Amando. Já sob influência da Teologia da Libertação e do clima que marcaria a Conferência Episcopal de Puebla (México), que aconteceria três anos depois, decidimos ir para o Colégio Álvaro AdolFo da Silveira, onde estudavam "os filhos dos pobres". Era a "opção preferencial pelos pobres", estratégia de ação pastoral aprovada pela igreja latinoamericana sob inspiração marxista.

Lá fiquei até 1979 e vim para Belém no início de 1980, apesar da posição contrária do Edilberto Sena - ele foi descobrir um namorico que eu tive com uma pequena lá do bairro da Liberdade. Mas o Dom Tiago me bancou. "O Edilberto é um obstáculo a mais no seu caminho ao sacerdócio", falou, enchendo minha bola.

Lembranças inesquecíveis, gostosas, que precisaria de mais tempo para resgatar e escrever. Mas isso é para outro momento e espaço.

Em Belém, cursei quatro anos de Teologia, mas desisti quando dom Tiago me chamou para a primeira conversa sobre ordenação. Da minha turma, nenhum prestou pra padre, mas dela saíram professores, jornalistas, delegado de polícia, juiz federal, entre outros bons e respeitados profissionais. Depois, na UFPA, fiz Sociologia e Comunicação.



Caramba, quantas lembranças uma fotografia é capaz de buscar!

Um comentário:

Anônimo disse...

Do aeroporto até o centro da cidade foi muito rápido. Era início da madrugada, estrada boa, cidade silenciosa e o taxista conversador.

Ele, que já havia morado em São Paulo, Belém e Marabá, disse que não trocava Santarém por nada, e foi logo emendando:

- Aqui você pode deixar o seu carro na rua que ninguém rouba. Assalto a banco não há. Há dez anos aconteceu o último mas foi um pessoal de fora...

Assim foi a conversa até um hotel no centro da cidade. Eu havia dito que queria apenas um pernoite, para cedo cumprir um compromisso no cartório do Gigi Alho e, em seguida, rumar pra Alter do Chão. Havia , porém, uma única exigência: poder abrir a janela ao amanhecer e dar de cara com o rio. Só isso.

O táxi parou em frente a um hotel que parecia novinho em folha. Subi pra olhar o apartamento, tudo de primeira, mas não havia a desejada visão do rio.

- O Sr. Gostou?, perguntou o taxista.

Eu disse que sim, pois estava pertinho do cartório. Soube depois que enquanto eu inspecionava o apartamento ele havia comentado com a Dean:

- Eu não poderia trazer um advogado ou um juiz para qualquer hotel.

Foi assim que, de manhãzinha, ao abrir a janela dei de cara com essa imagem da foto, a invadir a minha mente com um rio de lembranças.

Pedro
http://blogdoseupedro.blogspot.com/