Pedro Cardoso da Silva *
Enfim aconteceu. Uma autoridade importante do ponto de vista do cargo, filmada na prática de corrupção da maneira mais depreciativa que possa existir, se existisse gradação para a corrupção: José Roberto Arruda, já reincidente em atos ilegais. Em 2001, o Brasil se espantou com o seu cinismo ao afirmar que ninguém poderia apresentar uma vírgula, uma vírgula, acentuou, de prova e, poucos dias após, assumiu que teria participado da violação do painel de votação do Senado.
Os atos de corrupção se tornaram corriqueiros. São noticiados todos os dias, há muito tempo, mas nada resultava em punição e já estavam se tornando condutas aceitas como naturais, mesmo sendo das mais desleais e desonestas, pois retiram dinheiro arrecadado do povo, por gente colocada pelo povo para zelarem do dinheiro de todos.
Anteriormente, a Justiça se apegava às conjecturas dos chamados bons advogados para não punir quaisquer políticos, fosse grande, médio ou pequeno. Mas o saco de político não enche e a mão grande foi aumentando, a ponto de a reação aparecer. As gravações telefônicas eram sempre contestadas sob o argumento de que as vozes eram de outras pessoas. Agora, as câmeras desmascararam de uma vez por todos.
Começou-se a punição por vereadores, subiu aos prefeitos, chegou a alguns secretários estaduais, atingiu alguns senadores, até, enfim, chegar a um governador. E isso, com certeza, não é motivo para festa, como falaram alguns, muito menos de tristeza, apenas é motivo para sentir segurança nas instituições. Apesar de cumprimento de lei não ser ato de vontade, mas de dever do Poder Judiciário, isso nunca foi levado a sério pelas instituições jurídicas brasileiras. As detenções comprovam que foram feitas apenas para “pé-de-chinelo”.
Como contar com a impunidade já fazia parte da cultura política nacional, quando a Justiça funcionou de fato, o presidente Lula, mais uma vez, demonstrou seu total desprezo pela ética, a maior marca de seu governo, e já fez a análise invertida. Disse que não era bom para a política ter um governador preso, quando é exatamente o contrário: não é bom para a política ter um governador corrupto e bandido solto.
Caso a corrupção continue generalizada, a prisão de altos políticos tem que se tornar rotineira, não um caso isolado, como foi a impeachment de Fernando Collor de Mello.
Em que pese à escolha dos ministros do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal ser feita pelo presidente da República, o exercício da função não fica atrelado à vontade de Sua Excelência. Eis o grande alento da Sociedade quanto à Justiça.
O caminho foi aberto. Daqui por diante a população pode não saber quantos governadores verá presos, mas preferirá todos os governadores corruptos no xadrez a ver um só solto. Muitos estão amarelos só de imaginar se alguma “reunião” está nas fitas a surgir a qualquer momento na internet.
E, por isso, ainda que seja um único, dentro de uma corrupção endêmica, 11 de fevereiro de 2010 entrará para a História do Brasil. O dia em que, pela primeira vez um governador foi preso, e no exercício do mandato. Apesar do sofrimento do presidente da República, é mesmo alentador.
* Pedro Cardoso da Costa - Bacharel em Direito - Interlagos/SP
Os atos de corrupção se tornaram corriqueiros. São noticiados todos os dias, há muito tempo, mas nada resultava em punição e já estavam se tornando condutas aceitas como naturais, mesmo sendo das mais desleais e desonestas, pois retiram dinheiro arrecadado do povo, por gente colocada pelo povo para zelarem do dinheiro de todos.
Anteriormente, a Justiça se apegava às conjecturas dos chamados bons advogados para não punir quaisquer políticos, fosse grande, médio ou pequeno. Mas o saco de político não enche e a mão grande foi aumentando, a ponto de a reação aparecer. As gravações telefônicas eram sempre contestadas sob o argumento de que as vozes eram de outras pessoas. Agora, as câmeras desmascararam de uma vez por todos.
Começou-se a punição por vereadores, subiu aos prefeitos, chegou a alguns secretários estaduais, atingiu alguns senadores, até, enfim, chegar a um governador. E isso, com certeza, não é motivo para festa, como falaram alguns, muito menos de tristeza, apenas é motivo para sentir segurança nas instituições. Apesar de cumprimento de lei não ser ato de vontade, mas de dever do Poder Judiciário, isso nunca foi levado a sério pelas instituições jurídicas brasileiras. As detenções comprovam que foram feitas apenas para “pé-de-chinelo”.
Como contar com a impunidade já fazia parte da cultura política nacional, quando a Justiça funcionou de fato, o presidente Lula, mais uma vez, demonstrou seu total desprezo pela ética, a maior marca de seu governo, e já fez a análise invertida. Disse que não era bom para a política ter um governador preso, quando é exatamente o contrário: não é bom para a política ter um governador corrupto e bandido solto.
Caso a corrupção continue generalizada, a prisão de altos políticos tem que se tornar rotineira, não um caso isolado, como foi a impeachment de Fernando Collor de Mello.
Em que pese à escolha dos ministros do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal ser feita pelo presidente da República, o exercício da função não fica atrelado à vontade de Sua Excelência. Eis o grande alento da Sociedade quanto à Justiça.
O caminho foi aberto. Daqui por diante a população pode não saber quantos governadores verá presos, mas preferirá todos os governadores corruptos no xadrez a ver um só solto. Muitos estão amarelos só de imaginar se alguma “reunião” está nas fitas a surgir a qualquer momento na internet.
E, por isso, ainda que seja um único, dentro de uma corrupção endêmica, 11 de fevereiro de 2010 entrará para a História do Brasil. O dia em que, pela primeira vez um governador foi preso, e no exercício do mandato. Apesar do sofrimento do presidente da República, é mesmo alentador.
* Pedro Cardoso da Costa - Bacharel em Direito - Interlagos/SP
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