Na coluna do jornalista Augusto Nunes, no portal Veja.com, edição de ontem:
A agenda do homem público José Roberto Arruda foi atropelada pelo prontuário do delinquente José Roberto Arruda. Governador do Distrito Federal desde 2006, já deveria estar no Rio nesta sexta-feira, pronto para brilhar na Marquês de Sapucaí. Criminoso irrecuperável desde o berçário, cancelou passagens aéreas e reservas no hotel para hospedar-se involuntariamente na Polícia Federal. Em vez de desfrutar das noites cariocas, vai pensar na vida durante as madrugadas na cadeia.
Para os brasileiros honestos, a prisão de um corrupto da classe executiva é mais animadora que qualquer samba-enredo. Pelo menos não serão afrontados pelo sorriso do bandido no camarote, pago com dinheiro público, assistindo à passagem da Beija-Flor, que escolheu o 50° aniversário de Brasília como tema do enredo para que o governo pilantra pagasse a conta da festa.
“A prisão do Arruda deve ser servir de exemplo”, disse Lula nesta sexta-feira. “É um absurdo a gente constatar que, em pleno século 21, isso ainda acontece no Brasil”. O Padroeiro dos Pecadores Companheiros tem tanto compromisso com a seriedade quanto um vadio profissional com o trabalho. Não lhe basta afrontar o país que presta com a absolvição liminar dos cafajestes amigos, com a mão estendida a José Sarney, com o tratamento de comparsas dispensado aos mensaleiros.
A declaração desta sexta-feira não rima com as anteriores. “As imagens não falam por si”, resolveu Lula depois de confrontado com gatunos enfiando montes de cédulas nos bolsos, nas meias e na cueca. Como não conseguiu livrar do camburão outro patife de estimação, o presidente faz de conta que a corrupção no Brasil foi inaugurada por Arruda. Os cofres públicos nunca foram assaltados com tanta cupidez quanto nos últimos sete anos. Lula não conseguiu enxergar nenhum ladrão. Acaba de ver o primeiro. Parece ficção.
Para ler mais, http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/
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