Waldemar Azevedo, companheiro de lutas políticas dos anos 80, em Belém, mandou-me mensagem com críticas por ter publicado o texto “Honduras: Brasil patrocinou volta de Zelaya”, com base em reportagem publicada pela Folha On Line, na semana passada. Na ocasião, apenas publiquei a matéria, sem fazer contraponto, o que faço agora com o intuito apenas e tão somente de estimular o debate sobre o assunto.
Assim, considero uma verdadeira patacoada, de conseqüências desastrosas para o Brasil, a decisão do governo Lula de receber e dar abrigo ao presidente bufão de Honduras, Manuel Zelaya, na embaixada brasileira naquele país centro americano.
Deposto da presidência por militares golpistas locais - repugnantes e odiosos como devem ser todos os autores e patrocinadores de golpes e tentativas de golpes -, Zelaya buscou apoio do governo Lula para voltar ao seu país, e conseguiu, numa clara atitude de interferência do Brasil em assuntos internos de um outro país, condenável em todos os sentidos, mas principalmente por ferir a autonomia e a soberania dos hondurenhos.
Desde então, tudo contribui para que a atitude do governo Lula se volte contra o Brasil, principalmente porque nossa embaixada em Tegucigalpa se transformou em escritório político de Zelaya. Na prática, deixou de ser território autônomo, inviolável, brasileiro.
E os atos de violência dos golpistas não param, e as principais vítimas são os próprios cidadãos hondurenhos, que, agora divididos, de confrontam nas ruas e são vítimas da violência institucional.
E tudo começou com a tentativa frustrada de reprodução de uma lição “bolivariana” ensinada pelo também golpista Hugo Chaves, presidente da Venezuela: mudar a Constituição para garantir a reeleição tantas quantas o presidente no poder quiser – um delírio infame que também povoou mentes petistas durante um longo período deste ano, quando o sonho da re-re-reeleição de Lula foi proposta por simpatizantes locais de Chaves. A idéia bolivariana de reeleição sem limites é, claro, de Chaves, já dotada por outros governantes sulamericanos. Inebriado pela sede de poder eterno, Zelaya tentou o mesmo em Honduras. Foi repelido com o golpe militar.
E o que tinha o Brasil que se meter em assuntos internos de Honduras, ao dar abrigo a Zelaya e deixar que ele agora use nossa embaixada como bunker político?
Estamos colhendo o dissabor de uma diplomacia equivocada. Também contaminada pelo bolivarismo?
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