É grave, muito grave, a proliferação de imagens pornográficas através de telefones celulares nas escolas públicas ou através da Internet. E a situação se torna ainda mais alarmante quando as imagens são de alunas das próprias escolas locais, em cenas de sexo explícito ou eróticas. E alunas ainda adolescentes.
Um dos casos mais graves aconteceu na cidade de Monte Alegre, no Oeste do Pará, e virou escândalo na semana passada quando as imagens migraram para dezenas de telefones celulares através do recurso eletrônico chamado bluetooth.
Igualmente grave foi a atitude intempestiva do promotor local, que, acompanhado de policiais militares, foi pessoalmente às escolas para recolher os celulares dos estudantes de escolas públicas, sob a alegação de combate à pedofilia e à pronografia. A emenda saiu pior do que o soneto.
O ato em si e as consequências foram ainda mais danosas. Primeiro, o promotor agiu sem qualquer autorização judicial, sem conversa prévia com os diretores escolares, professores, com a Secretaria Municipal. Se assim o fizesse, certamente que todos os agentos públicos, assim como as famílias, estariam unidos no esforço coletivo de combater prática tão danosa às famílias, às escolas, à ética e à moral. Mas, não: ele agiu como se pudesse sozinho resolver um problema impossível de ser combatido apenas com a repressão.
Além da ilegalidade em si, a atitude do promotor foi pedagogicamente desastrosa, pois em nada mudou uma atitude que decorre de um hábito resultante do uso inadequado da tecnologia, da degradação dos valores éticos, da deterioração dos valores e da estrutura familiar, da permissividade e ausência de disciplinamento nos diversos ambientes frequentados por crianças, jovens e adolescentes. Inclusive na família.
De resto, a atitude inapropriada do promotor só serviu pra traumatizar centenas de crianças e adolescentes que nada tinham a ver com a veiculação das imagens. Seus pais estão revoltados, e com justa razão.
Que é preciso que se faça alguma coisa contra isso, não resta dúvidas. Mas é necessário que as ações sejam discutidas coletivamente com todos aqueles (instituições e cidadãos) que podem decididamente influenciar positivamente para a mudança desses novos hábitos e atitudes.
Não permitir que os filhos levem celulares às escolas pode ser a primeira das medidas. O diálogo, com certeza, é outra indispensável.
Repressão, também, mas não como ação isolada.
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