As imagens acima são chocantes. Foram feitas em uma comunidade rural de um município do Oeste do Pará, mais um dos tomados pelas águas do rio Amazonas e de seus afluentes. As imagens são de uma fêmea de sucuriju abatida por moradores locais, depois eviscerada e dela retirados 62 filhotes - é o que deu pra contar.
Com a enchente dos rios e o rareamento da alimentação das sucuris, é natural que esses animais busquem os quintais das famílias em busca de comida, como galinhas, patos, cachorros e outros animais domésticos. Muito raramente, no entanto, elas atacam o ser humano. Não somos, digamos, o prato preferido delas.
Lembro de minha infância, lá pelos idos dos anos 60, em um sítio que minha avó materna, Ana Castro, tinha na comunidade de Jutubinha, no rio Tapajós, antes da Ponta de Pedras. Sucurijus atacavam as criações dela, comiam alguns patos. Metiam medo na gente, especialmente na gurizada que ia passar as férias com ela, mas só matavam alguma cobra quando o perigo era mais que iminente - e ela aproveitava para retirar a banha da cobra para usar como remédio. Nas demais situações, bastava espantar os bichos.
Talvez por essas lembranças que guardo da infância, mas certamente pela consciência ambiental que construí ao longo dos anos, é que digo que as imagens abaixo são fortes, chocam. Se o perigo era iminente, se a cobra já frequentava os quintais e representava uma ameaça real às pessoas, por que não chamar alguém que pudesse caputurá-la e soltá-la longe do local? E, finalmente, se o abate foi inevitável, por que o evisceração?
Há certamente quem ache isso questionamentos desnecessários, inúteis, bobagens de um ex-interiorano que incorporou essa "frescura" de consciência ambiental. Como a cheia no Oeste do Pará atingiu todos os municípios localizados às margens de rios, ou próximos delas, é possível imaginar que as imagens abaixo não foram as únicas.
Um comentário:
to besta
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