A Polícia Federal está perto de desvendar um dos maiores esquemas de fraude em projetos de manejo dentro da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema).
A investigação dura mais de três anos e, a cada dia, revela fatos que comprometem alguns servidores do órgão, madeireiros ilegais, intermediários e pessoas que emprestam seus nomes em troca de gratificação, os conhecidos “laranjas”. Até articulação para pagamento de propina no valor de R$ 1 milhão, feita em uma semana, já foi interceptada. O total de propina paga, diz um federal, já supera R$ 2 milhões. O trabalho da PF é de inteligência e tem o suporte do Ministério Público Federal e Estadual. Não está descartada, porém, a ocorrência de prisões, como aconteceu durante a “Operação Ananias”, em 2007.
Nem a queda, em maio passado, do secretário Walmir Ortega, substituído pelo ex-gerente executivo do Ibama em Belém, Aníbal Picanço, conseguiu devolver ao órgão a tranquilidade reclamada pela maioria dos servidores para cumprir suas tarefas rotineiras. O temor da presença da PF por salas e gabinetes criou um clima permanente de tensão.
O estado de espírito dos servidores é resumido em uma frase, dita ontem ao DIÁRIO por um deles: “Quem não deve, não teme, mas tem pessoas aqui dentro que vivem com os nervos à flor da pele, temendo ser confundida com quem faz coisas erradas”. A própria cúpula do governo Ana Júlia sabe que a Sema é um dos órgãos mais problemáticos da atual gestão. O governo diz que está empenhado em esclarecer os fatos e punir eventuais culpados.
As denúncias de liberação de planos de manejo mediante fraude, favorecimento ilícito, cobrança de propina para agilizar processos ou mesmo apagar do sistema aqueles notoriamente irregulares, levaram Ortega a demitir servidores efetivos e comissionados. Resultado: ele saiu, mas deixou pelo caminho um rastro de ódio e ressentimento. Quem trabalhava com seriedade também se sentiu atingido pela desconfiança.
Fonte: Diário do Pará
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