Papai Noel não existe, claro, mas é inegável que a sua figura e a época natalina realçam em nós sentimentos nobres, como a solidaridade, a fraternidade, o desejo de justiça. Fazem-nos desejar um mundo menos violento, menos selvagem, mais justo e equilibrado, no qual as diferenças religiosas e políticas nos incentivem à tolerância e não à guerra. Fazem-nos sonhar com um Brasil e um mundo sem as agressões ambientais que estão destruindo o nosso habitat e matando milhões homens de fome e de sede.
Isso é uma utopia, claro, mas se cada um de nós escolher e realizar cinco ações positivas em 2010, ou uma só, certamente que esse sonho será cada vez mais real. Que este seja nosso presente a nós mesmos e ao Planeta!
É isso que desejo e proponho a cada um dos leitores do blog.
Abraços.
José Maria Piteira
Jornalista
2 comentários:
A velha e a nova humanidade são ainda uma e a mesma coisa?
Confesso que tentei, mas não passei da página trinta e três. Durante alguns anos cheguei a adotá-lo até como minha leitura natalina, e nada. A bela e inicial descrição da Santa Ceia foi um grande início, mas parei por ali. O Evangelho segundo Jesus Cristo ainda está guardado, mas, agora, motivado pela leitura de Caim, pretendo desempoeirá-lo em breve. Talvez eu tenha encontrado aí a cronologia adequada, a forma correta de ler, como que a me lembrar que o novo deve sempre suceder o velho.
No natal, como se sabe, parece que aumenta a solidariedade entre as pessoas. Neste, quando meio mundo, sob pretexto de comemorar um aniversário empanturra-se de quase tudo, fazendo a alegria da indústria e do comércio, a leitura do último romance do premiado Saramago trouxe-me muitas e boas reflexões.
Em apenas 172 páginas, sob o fio condutor da ótica judaico-cristã, passando do Gênesis ao Dilúvio, Saracaim como que reconta a desumana história dos humanos, deixando evidente a estranha relação do Criador com a humanidade. Apresenta as escrituras judaico-cristãs como uma espécie de catálogo de vinganças, humanas e divinas, aplicadas sempre em nome de Deus.
Pilar, a companheira e tradutora de Saramago, diz que o essencial em Caim é “que o género humano não é de fiar. Sim, os seres racionais, os que levantam edifícios, constroem pontes e compõem sinfonias, esses mesmos que declaram guerras por um território, por um capricho, por uma bandeira ou por um Deus nasceram loucos e loucos continuam a viver tantos milénios depois de Adão e Eva ou do Big Bang, chame-lhe cada um o que queira”.
Fiquei com a impressão que, para Saracaim, parece que o mal não está em Caim, muito menos em Abel, mas no injusto e rancoroso Deus, que a todos busca manipular. Ou seja, está na humanidade, que ao criar Deus projeta na divindade os seus próprios atributos.
Saracain, ao final da última página, opina que a “história dos homens é a história de seus desencontros com deus”, pois, “nem ele nos entende nem nós o entendemos”.
E embora Caim não seja um texto contra Deus, mas talvez contra os homens que o inventaram, não deverá faltar quem o veja como oriundo do maligno. Quem tiver coragem de abalar a sua fé no Criador, que o leia!
Seria Caim mais um ensaio sobre a cegueira humana?
seupedro2@yahoo.com.br
Pepê,
o que muito impressiona é que, na sua essência, essa imagem do deus ocidental-cristão e a concepção de Jesus, especialmente a sua "divindade", foram forjadas e uniformizadas no Concílio de Nicéia, em 325, sob comando do imperador romano Constantino - um "pagão", portanto, mas um político estremamente habilidoso e oportunista. Afinal, foi mérito dele, e só dele, a formalização do "casamento" do Cristianismo com o Estado Romano. A partir de então, o Cristianismo, ou mais precisamente a Igreja Católica Apostólica "Romana", apenas serviu para justificar a ordem "natural" das coisas, inclusive a situação de exploração, injustiça e miséria em que foram e são mantidos milhões de seres humanos.
Passados tantos séculos depois da reunião de Nicéia, o que exatamente mudou? Certamente que muito pouco.
Felizmente, com o avanço da ciência e a propagação da informação e do conhecimento, o mundo está mais secular.
José Maria Piteira
Postar um comentário