quinta-feira, 26 de março de 2009

DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS

Agricultores familiares recebem multas milionárias do IBAMA por causa de pequenos roçados.

Uma música muito cantada pelos movimentos sociais, nos anos 80, época de grande efervescência política na transição da ditadura militar para a democracia, falava do sofrimento do sapo que é esmagado pela pata do boi. Era uma analogia à repressão política sofrida por partidos e movimentos de esquerda e à super exploração a que estavam sujeitos os trabalhadores.
Hoje, em plena democracia, e apesar dos avanços no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores, a relação dos órgãos do governo com os diversos segmentos produtivos continua diferenciada e injusta. O tamanho e o peso da pata do boi variam de acordo com vários interesses, muitos deles escusos – e os noticiários televisivos são fartos em denunciá-los.
O Ibama veio a Monte para investigar os casos de desmatamentos apontados por relatórios do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Monte Alegre apareceu como um dos municípios que mais desmatam na Amazônia.
Desde 2002 que a Prefeitura denuncia a ação de grileiros e madeireiros na região da Serra Azul. Mas, como nas vezes anteriores, os fiscais do Ibama deixam os sapos cururus de lado e pisam justamente nas pererecas.
Foi o que aconteceu em 2006, quando eles deixaram de lado os madeireiros que agem na Serra Azul e multaram justamente os agricultores familiares que denunciaram as ações ilegais destes.
Desta vez não foi diferente: saíram pelas vicinais da PA-254 multando agricultores familiares.
É o caso de Kleber Rodrigues do Nascimento, que tem um lote na vicinal do setor 15 e foi multado, na terça-feira passada, em quase R$ 96 mil por ter feito um roçado para produção de alimentos. Dois pesos e duas medidas.
“Já chega de tanto sofrer, já chega de tanto esperar...”, dizia a letra da música de protesto que se cantava nos anos 80.

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