Depois dos sem terra, sem teto, sem transporte, sem segurança pública e sem saúde, Belém tem, desde ontem, uma nova categoria: os sem discurso. E este novo grupo é formado pelos vereadores do PT na Câmara Municipal, depois que o partido fechou aliança com o prefeito Duciomar Costa no esforço inútil de reeleição da governadora Ana Júlia Carepa.
Formando a "tropa de elite" contra a administração municipal, junto com outros vereadores de oposição, os edis petistas ajudaram a impor derrotas ao prefeito municipal. A principal delas foi justamente o projeto que prevê a privatização dos serviços de água e esgoto da capital, rejeitado a partir de emenda apresentada pelo vereador Otávio Pinheiro (PT), no final do ano passado.
O projeto é de interesse primordial do prefeito municipal - não exatamente do interesse público ou dos consumidores do serviço oferecido pela Cosanpa -, e envolve algumas centenas de milhões de reais. E ele já está de volta ao Legislativo municipal, há algumas semanas, para ser novamente votado.
E agora? Qual será a posição dos vereadores petistas? Ainda no ano passado, eles garantiram que o projeto seria derrotado quantas vezes voltasse à Câmara. E eles, os petistas, formariam a artilharia pesada contra qualquer tentativa de aprovação do tal projeto. Eles estarão, certamente, sem discurso, rasgando o que escreveram, apagando dos anais do Poder o que falaram e escarnecendo de suas próprias dignidades.
Mas o constrangimento dos vereadores petistas de Belém não ficará aí. Ainda há a luta radical, apesar de pouco inteligente em suas estratégias, contra os desmandos e abandonos da saúde municipal, da coleta de lixo e limpeza pública, do transporte público caro e sem qualidade, ... todos temas cotidianos dos discursos raivosos contra a administração municipal.
O que dirão a partir de agora? O que farão, depois que os campeões de rejeição popular - Ana Júlia e Duciomar - resolveram se dar as mãos e morrer abraçados?
Nada verão, nada ouvirão, nada dirão, como aquela imagem universalmente utilizada para se criticar a omissão das pessoas diante da realidade em que vivem.
"Símbolo da alienação total", diria algum sociólogo militante.
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