terça-feira, 24 de abril de 2012

CPI DO CACHOEIRA: INVESTIGAÇÃO VAI ALÉM DAS OPERAÇÕES DA PF

Se Cachoeira mostrar suas listas e Demóstenes abrir a boca, metade da República cairá, mas não se sabe até onde vão as investigações da CPI

Na linha de frente da CPI do caso Cachoeira no Congresso, o senador Vital do Rego (PMDB-PB), presidente da comissão, e o deputado Odair Cunha (PT-MG), relator, vão pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso à íntegra das operações da Polícia Federal que investigaram o empresário do ramo de jogos, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Os dois prometem levar as investigações para além do que já foi apurado pela PF, mas descartaram, por enquanto, criar sub-relatorias para dividir os temas das investigações - como sugerido pela oposição.

"No primeiro momento, não se faz necessário a construção de sub-relatorias. Não vamos começar do zero, mas do inquérito da Polícia Federal", disse Cunha.

Os parlamentares afirmaram que vão manter os documentos da PF em sigilo, já que os inquéritos tramitam em segredo de Justiça. "Eu vou ser guardião. A CPI vai guardar documentos que estão correndo em segredo. A comissão pode incorrer em responsabilidade civil e penal se não mantiver o sigilo", disse Vital do Rego.

Cunha prometeu elaborar nos próximos dias um plano de trabalho para as investigações. Ele vai convocar testemunhas, como Cachoeira, mas disse que ainda vai discutir quem deve ser chamado - e qual o melhor momento para os depoimentos. "É claro que o Cachoeira deve vir à comissão. Faremos a oitiva no momento adequado."


PS: Depois do escândalo do Mensalão do PT, denunciado a partir de 2005, a CPI do Cachoeira será a segunda oportunidade que terá a sociedade brasileira para conhecer as tramas alibabalescas e o submundo do crime organizado que empestou o Poder Público no Brasil, especialmente na sua Capital Federal, ou a partir desta, um bando que ganhou força e sofisticação justamente a partir dos quadrilheiros do PT.

É difícil saber exatamente até onde vão as investigações desta CPI, pois a base do governo federal tem amplíssima maioria e está disposta - uma decisão não declarada - a não permitir que suas revelações exalem o odor repugnante da podridão que domina a rede de negócios criminosos que se espalha pelo subsolo de Brasília. Tem-se como certo que, se Cachoeira resolver mostrar suas listas e Demóstenes Torres abrir a boca e contar tudo, metade da República cairá, mas isso pouco importa. O que os brasileiros querem é que o Brasil seja passado a limpo, que a apuração seja séria, os julgamentos céleres e os culpados na cadeia.

Assim como no caso do Mensalão petista, a ação politicamente positiva da sociedade, através de suas entidades representativas e do povo nas ruas, e da imprensa poderá assumir papel decisivo na pressão pela apuração radical das denúncias e pelo julgamento dos responsáveis pelo desvio de bilhões de reais do Erário.

Será preciso vigilância cuidadosa, diuturna, militante, incansável. A simples instalação da CPI não garante apuração plena das denúncias, assim como apuração superficial, puro misancene, não garantirá a transparência total dos crimes denunciados nem a punição aos corruptos e corruptores.

Na verdade, missão dupla terão os cidadãos brasileiros: acompanhar as ações da CPI do Cachoeira e, ao mesmo tempo, manter a campanha pelo julgamento do Mensalão do PT, JÁ!!

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