A construção do linhão está adiantada, mas o projeto prevê rebaixamento da tensão da energia apenas em dois municípios: Almeirim e Oriximiná. Nos demais, o linhão vai apenas passar sobre a cabeça das pessoas
A Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) vai realizar audiência pública, no dia 19 de abril, na cidade de Monte Alegre, no oeste do Pará, para debater a necessidade de construção de subestações ao longo da linha de transmissão de energia elétrica que está sendo construída na margem direita do rio Amazonas, garantindo o rebaixamento imediato da tensão elétrica do linhão para atender às demandas dos municípios paraenses daquela região.
O encontro foi convocado pelo presidente da Alepa, deputado Manoel Pioneiro (PSDB), atendendo proposta da deputada Josefina Carmo (PMDB), que teve requerimento aprovado pelo parlamento paraense.
O projeto inicial da Eletrobras/Eletronorte, orçado em mais de R$ 3 bilhões, previa a inauguração da obra em agosto do ano passado, o que não aconteceu. O linhão levaria energia da Hidrelétrica de Tucuruí aos estados do Amapá e Amazonas e também aos municípios paraenses localizados na margem esquerda do rio Amazonas, na região oeste, totalizando 1.800 quilômetros de extensão.
Com o atraso, uma nova previsão: somente em 2017 a obra estaria plenamente concluída, inclusive com o rebaixamento da tensão elétrica do linhão, adaptando-a para todos os consumos: residencial, comercial e industrial.
Na primeira semana de fevereiro deste ano, outro anúncio oficial: o presidente da estatal Empresa de Pesquisas Energética, Maurício Tolmasquim, garantiu que toda a região Norte estará interligada ao sistema nacional de energia hidrelétrica a partir de maio de 2013, inclusive a margem esquerda do rio Amazonas.
Mas este último anúncio contém uma meia verdade: o projeto oficial do linhão prevê a construção de apenas duas subestações de rebaixamento da tensão na região da Calha Norte: na ilha Jurupari, município de Almeirim – de 500kv (quilovolts) para 230kv – e na cidade de Oriximiná – de 500kv para 138kv. E só! Entre Jurupari e Oriximiná, o linhão apenas vai passar sobre os municípios de Prainha, Monte Alegre, Alenquer, Curuá e Óbidos, com tensão de 500kv, sem rebaixamento e sem atender às demandas dos consumidores locais. Também não há previsão para essa energia chegar aos municípios de Terra Santa e Faro, no extremo oeste paraense.
Ao defender sua proposta de audiência pública, Josefina justificou: “Se esse prazo de construção das subestações de rebaixamento não for encurtado, o beneficiamento da produção primária dos setores agrícola, pecuário, extrativo e florestal estará prejudicado, com prejuízo incalculável à economia regional”. Em outras palavras, sem a energia elétrica de Tucuruí, o esperado desenvolvimento regional estará mais uma vez adiado. E criticou: “Até agora, a inércia tem sido a característica principal de nossos representantes paraenses. Precisamos reagir, e logo! A Assembleia Legislativa do Pará precisa agir de imediato e buscar os canais de negociação junto ao Governo Federal e seus órgãos diretamente envolvidos na execução do projeto. Prefeitos, vereadores, líderes municipais da sociedade civil dos municípios da região aguardam uma iniciativa deste Poder”.
Josefina Carmo, autora da proposta: "Até agora, a inércia tem sido a característica principal de nossos representantes paraenses. Precisamos reagir, e logo!"
Em outubro do ano passado, os deputados aprovaram o requerimento de Josefina Carmo. Na semana passada, o presidente da Alepa assinou a convocação da audiência pública.
A audiência pública vai acontecer na sede do São Francisco Esporte Clube, no centro da cidade de Monte Alegre, no horário de 8h às 12h.
Um comentário:
Comentário.
Tudo bem, que seja rebaixado em apenas dois pólos, como estão propondo os construtores dos linhões. Mas gostaria de saber sobre os custos de implantação dos dois sistemas de rebaixamento e também se o procedimento operacional deve ser apenas este, e também se a demanda dos municípios é imperiosa, para que se execute tal rebaixamento em cada um deles, ou se apenas será necessário ser realizada a transmissão "menor", através de outras redes de expansão. Claro que concomitante com a construção da travessia ora em andamento.
Outro ponto importante a ser verificado, é a segurança para a tal travessia do linhão, sobre o Rio Amazonas. Diferente da torre que caiu sobre a ilha localizada em frente a Itaituba no rio Tapajós, o Amazonas, que todos nós caboclos da região sabemos de suas facetas e terras caídas, que constrói e desconstrói ilhas, permitirá sua implantação na travessia? Ou vamos fazer o procedimento via subterrrânea? ou vamos ter de bater com os burros n'água? É bom que o pessoal da hidráulica não durma no ponto.Fica o alerta, mesmo com toda a tecnologia que já temos.
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