terça-feira, 13 de março de 2012

DEPOIS DA BIOPIRATARIA, A CARBONOPIRATARIA?

Empresa irlandesa se diz proprietária dos direitos aos créditos de carbono de 20 milhões de hectares na Amazônia brasileira

O português João Borges de Andrade é o chefe de operações da empresa irlandesa Celestial Green Ventures – “verde celestial”, em português – no Brasil. A  Celestial Green atua em um novo setor que se fortalece nos recônditos da Amazônia brasileira: a venda créditos de carbono com base em desmatamento evitado, focado nas florestas. Por estes créditos, a empresa tem procurado indígenas de diversas etnias e teria assinado contratos com os Parintintin, do Amazonas, e Karipuna, do Amapá, segundo as suas páginas no twitter e facebook.

No dia 22 de setembro do ano passado, João Borges foi a uma reunião a respeito de um contrato de crédito de carbono com os índios Munduruku, na Câmara Municipal de Jacareacanga, no Pará. Assim que ficou sabendo, a missionária Izeldeti Almeida da Silva, que trabalha há dois anos com os Munduruku, correu para lá: “Fui pega de surpresa. Depois falei com um dos líderes e ele disse que fazia tempo que estavam negociando com um grupo pequeno de lideranças”.

O contrato acabou sendo assinado naquele mesmo dia – tanto a empresa quanto os indígenas confirmam.Mas, de acordo com Izeldeti, o contrato foi assinado contra a vontade da maioria da população Munduruku.

Totalmente desconhecida no Brasil, a Celestial Green, sediada em Dublin, se declara proprietária dos direitos aos créditos de carbono de 20 milhões de hectares na Amazônia brasileira – o que equivale aos territórios da Suíça e da Áustria somados. Juntos, os 17 projetos da empresa na região teriam potencial para gerar mais de 6 bilhões de toneladas de créditos de carbono, segundo a própria empresa.

Os créditos por desmatamento evitado, ou REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal), não são “oficiais”, ou seja, não podem ser vendidos nos mercados regulamentados pelo protocolo de Kyoto. Este protocolo só aceita, por exemplo, a venda de créditos por uma empresa de um país pobre que troque sua tecnologia por uma menos poluente; os créditos que ela deixará de emitir podem ser vendidos.

Depois da biopirataria patrocinada por empresas estrangeiras  - sob o manto disfarçado de igrejas missionárias, segundo denúncias que ecoam Amazônia adentro -, estamos agora diante de uma carbonopirataria?

Para ler mais, http://br.noticias.yahoo.com/a-terra-%C3%A9-dos-indios-e-o-carbono--%C3%A9-de-quem-.html

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