segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

CALHA NORTE: LINHÃO SEM REBAIXAMENTO SERÁ OBRA INCONCLUSA

Linhão da Calha Norte segue em obra, mas não há garantia de rebaixamento da tensão elétrica para a maioria dos municípios da região

O presidente da Empresa de Pesquisas Energética, Maurício Tolmasquim, garantiu, semana passada, que toda a região Norte estará interligada ao sistema nacional de energia hidrelétrica a partir de maio de 2013 - e isso inclui toda a margem esquerda do imenso rio Amazonas, conhecida por Calha Norte. 

A linha de transmissão que está sendo construída naquela margem do grande rio, com 1.800 quilômetros de extensão, vai atender aos estados do Amazonas e Amapá - inclusive as capitais Manaus e Macapá - e também uma dezena de cidades paraenses (Monte Dourado, Almeirim, Prainha, Monte Alegre, Alenquer, Curuá, Óbidos, Oriximiná, Faro e Terra Santa).

Mas há um problema, e isso o presidente da EPE não falou: o projeto da obra prevê o rebaixamento da tensão elétrica do linhão, na porção paraense, apenas nos municípios de Almeirim e Oriximiná, onde serão construídas subestações para tal finalidade. Na unidade de Almeirim, na localidade de Jurupari, a tensão será reduzida de 500kV (quilovolts) para 230kV; na de Oriximiná, de 500kV para 138kV. No lado amapaense, subestações serão construídas nas cidades de Laranjal do Jari e Macapá, onde a tensão de 500kV será rebaixada para 69kV.

Ora, o projeto não prevê rebaixamento nas demais cidades paraenses da calha norte do Mar Dulce. Como se sabe, é a redução da tensão elétrica para 138kV e 69kV que permite o acesso dos usuários residenciais e comerciais a essa energia. 

Sem subestações de rebaixamento da tensão, a obra estará incomclusa e a promessa do governo, mais uma vez ignorada. Por isso, prefeitos, vereadores e líderes comunitários paraenses daquela região se perguntam: "Vamos apenas ver o linhão passar sobre nossas cabeças, e não vamos nos beneficiar dessa energia limpa e barata? Vamos continuar a usar essa energia suja e caríssima que é produzida por termelétricas a diesel? Vamos continuar a ver importantes projetos de desenvolvimento impedidos de acontecer por falta de energia elétrica?"

Em junho passado, em Santarém, quando Simão Jatene transformou aquela cidade em "sede do governo", a deputada estadual Josefina Carmo (PMDB), em audiência, pediu ao governador do Pará que assumisse a luta pelo rebaixamento da tensão do linhão da Calha Norte como uma prioridade do seu governo. Jatene assumiu o compromisso, prometeu empenho pessoal e garantiu que acionaria a bancada parlamentar paraense em Brasília para essa assumir essa causa. Mas, de concreto, ainda não se viu nada! 

Se a Eletronorte cumprir o novo prazo de conclusão da obra, conforme afirmado por Tolmasquim - o primeiro foi para agosto de 2011 -, não há garantia qualquer de que os municípios de Prainha, Monte Alegre, Alenquer, Curuá, Óbidos, Faro e Terra Santa estarão usufruindo das vantagens do novo linhão.

Alguma coisa precisa ser feita para impedir que mais este desmazelo vitime aquela população, atrase seu tão esperado desenvolvimento e a impeça de alcançar o desejado bem estar.

Um comentário:

Jeso Carneiro disse...

Piteira, mobilização já! É inadmissível que a maioria dos municípios/localidades por onde o linhão da Calha Norte rasga a floresta não seja atendido. É a mesma prática dos navios que singram nossos rios atolados de minérios sem que a população que os assistem passar usufruam dessa riqueza. Igualzinha.

Jeso Carneiro