domingo, 16 de maio de 2010

NÃO HÁ "CAUSA NOBRE" QUE JUSTIFIQUE O ROUBO DE DINHEIRO PÚBLICO

Dia desses, participando de um evento social regado a cerveja bem gelada, a conversa enveredou, por mais que eu evitasse, à política. E tente evitar porque sabia que o resultado não seria bom.

Sem conseguir evitar o tema, mas procurando não expressar opiniões demais contundentes, e em resposta a algumas provocações primárias, falei de minha decepção com os governos petistas, tanto o nacional quanto o estadual. Critiquei o fato de os governantes petistas estarem fazendo, hoje, pior do que aquilo que criticávamos (fui do partido por quase 18 anos) nos outros, especialmente em relação ao trato com o dinheiro público. E citei o caso do valerioduto montado por dirigentes petistas para alimentar, entre outras perversões, o mensalão.

Para minha surpresa, duas "companheiras" presentes à conversa (conheço-as desde a fundação do partido) me interromperam para afirmar que, primeiro, o valerioduto nunca existiu, muito menos o mensalão, que tudo não passou de invenção da oposição - exatamente como afirma o discurso petista e do próprio presidente Lula - e, segundo, que algumas coisas são justificadas "pela causa".

Confesso que demorei a acreditar no que acabara de ouvir. Por conhecê-las há tanto tempo, por saber de suas condutas ilibadas (não conheço até hoje nada que as desabonem), a surpresa se transformou, de imediato, frustração. Não por negarem o mensalão e o valerioduto, pois esse é o mantra repetido por todos, mas por justificarem "algums coisas" em nome de uma tal "causa".

Ainda que não refeito da surpresa, perguntei se alguma dessas "coisas" seria o roubo de dinheiro público. A resposta foi positiva. Ato contínuo, perguntei qual seria essa "causa" tão importante, tão grandiosamente nobre e moralmente lítica que justificasse o roubo de dinheiro público. Não tive resposta, a não ser um "ah, tu sabes!". Pedi licença, inventei um compromisso profissional e deixei o local.

O que será que dirão, agora, com a divulgação dessa montanha de denúncias de corrupção e todo tipo de irregularidade cometida pelo Governo Ana Júlia, contida em sete caixas de relatórios entregues pela Auditoria Geral do Estado (AGE) à Assembleia Legislativa?

Não poderão dizer que é "armação da imprensa burguesa", ou "trabalho de agentes tucanos infiltrados", ou qualquer outra desculpa fajuta. A investigação foi feita por um órgão governamental dirigido por pessoa de confiança do PT e da governadora.

E não mais existirá "causa" que justifique ou explique o mar fétido de lama em que está mergulhado o governo petista no Pará.

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